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És a nossa Fé!

Dois pesos, duas medidas

                     

 

Como o jornal que foi incapaz de criticar Duarte Gomes "crucifica" agora Hugo Pacheco

 

O jornal A Bola ficou em estado de choque com a péssima arbitragem de Hugo Pacheco no jogo de ontem em Alvalade. E deixou isso bem claro na manchete da edição de hoje: "Pecado original", referindo-se à actuação do juiz da partida. "Clássico lisboeta condicionado por penalty absurdo que deu o golo a Adrien", destaca o mais velho matutino desportivo português, acentuando que "nem Belenenses nem Sporting mereciam tal erro do árbitro".

 

Nas páginas interiores, a mesma tónica levada à exaustão:

 

Pág. 2 - "Ninguém merecia aquele penalty" (título); "um jogo marcado por bizarra grande penalidade assinalada por Hugo Pacheco" (texto); "O triunfo de ontem dos leões sobre o Belenenses não nasceu da mais conseguida das exibições. Aliás, até ao lance que veio a dar o primeiro golo verde e branco (um penalty fantasma em que o desauxiliar comprometeu o árbitro), o Sporting esteve mais perto da época passada do que da presente temporada: lento, previsível, pouco intenso" (editorial de José Manuel Delgado, numa peculiaríssima visão deste Sporting-Belenenses, induzindo o leitor a concluir que a vitória leonina se deveu ao árbitro)

 

Pág. 4 - "O Sporting começou a ganhar com um pecado no olhar de Hugo" (destaque da crónica do jogo, por António Simões); "veio a benesse - e Adrien não falhou" (crónica); "1-0 por Adrien, de grande penalidade, depois de Hugo Pacheco assinalar suposta falta de Filipe Ferreira sobre Cédric" (filme do jogo).

("Crónica" e "filme" do jogo omitem a falta evidente cometida por João Meira sobre Montero na grande área do Belenenses.)

 

Pág. 5 - "Hugo Pacheco fez de uma carga de ombro de Filipe Ferreira a Cédric fora da área um penalty - e de um agarrão de João Meira a Montero que teria de ser penalty um lance legal. E não, não foi só por aí que ficaram os seus disparates" (análise da actuação do árbitro, que mereceu nota 3).

"Belenenses só caiu com o pecado de Hugo"; "Hugo Pacheco foi o pior homem em campo. O penalty com que o Sporting desembrulhou o jogo é incrível" (secção "mercado de valores")

(Reparem na linguagem: o Sporting só conseguiu "desembrulhar" o jogo, segundo o jornal neste texto não assinado, devido ao árbitro)

 

Pág. 6 - "Cédric 'cavou' um penalty" (análise da prestação do nosso defesa direito)

 

Pág. 7 - "Belenenses vai pedir anulação do cartão amarelo no lance da grande penalidade" (destaque de notícia)

 

Pág. 8 - "Lance do penalty foi decisivo no jogo" (título); "Penalty decisivo" (outro título)

 

Pág. 10 - "27': erro. Cédric sente a carga de ombro de Filipe Ferreira e cai... fora do relvado. Penalty mal assinalado" (legenda de fotografia)

 

...........................................................................

 

Isto foi hoje. Mas na edição de 10 de Novembro, especialmente dedicada à eliminação do Benfica pelo Sporting por 4-3 da Taça de Portugal, com gravíssimos erros de arbitragem de Duarte Gomes que tiveram influência directa no desfecho do jogo, o tom do mesmo jornal era totalmente diferente.

Começando na manchete: "Esplendor na Luz - Benfica mais feliz num hino ao futebol".

 

Recapitulemos. Neste "hino ao futebol", Duarte Gomes perdoou dois penáltis ao Benfica, por carga de Luisão sobre Montero e braço de André Almeida dentro da grande área benfiquista. E validou o terceiro golo encarnado, em que Cardozo parte de fora-de-jogo. Os títulos da imprensa, incluindo a mais insuspeita de simpatia pelo Sporting, não deixavam lugar a dúvidas: "Dois penáltis por marcar a favor do Sporting", destacou o Record; "Duarte Gomes não assinala duas grandes penalidades contra o Benfica e deixa passar um golo em fora de jogo", titulou o Correio da Manhã.

 

Nada que demovesse A Bola. O nome de Duarte Gomes não é sequer mencionado na capa do jornal, inteiramente reservada ao clássico. E os graves erros do homem do apito são reduzidos a "casos de arbitragem" em "120 minutos memoráveis".

Suave poesia à moda da Travessa da Queimada.

No editorial, Vítor Serpa deslumbrava-se com aquele "espectáculo de futebol", sem a menor alusão à escandalosa actuação do árbitro. A crónica do jogo, no mesmo tom, sublinhava os "120 minutos alucinantes", esquecendo os erros cometidos por Duarte Gomes. Autor? José Manuel Delgado, o mesmo que agora tanto se indigna com Hugo Pacheco.

Omissão também à arbitragem no "filme do jogo" e noutra crónica de Delgado, intitulada "Uma história de respeito escrita pelos jogadores".

 

Espantosamente, a caixa dedicada à actuação do árbitro, nessa edição, rezava assim: "Jogo muito, muito difícil, pela intensidade e luta sem quartel. Dois erros, em lances complicados, ambos dentro das áreas: quando Montero chega antes de Luisão e é tocado por este; e quando Rojo agarra Luisão (no lance do 4-3)."

Criando assim a ilusão de que Duarte Gomes errara para os dois lados, sem interferência directa no resultado.

Nota atribuída ao árbitro: 5.

 

Eis um caso escandaloso de dois pesos e duas medidas, com pouco mais de um mês de diferença, num órgão de informação que devia ter particulares deveres de isenção, até pela sua antiguidade e por haver recebido em tempos a medalha de mérito desportivo por benemerência estatal.

Mas não tem. Como se vê. E como se lê.

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