Os nossos jogadores (19): Slimani
Nunca disse que Slimani me deixa em ânsias, pois se o dissesse estaria a mentir, mas há ali qualquer coisa naquele 1,90 m de jogador que me deixa intrigado. Não sei dizer isto melhor, mas Slimani tem sido o meu suplente preferido. Não apenas pelos golos que tem marcado. Não apenas pelos pontos que nos tem dado. Sim, de acordo, isso também, mas gosto principalmente da forma como tem resolvido jogos: com a persistência de um abre-latas. Evitei dizer arte para dizer persistência porque as coreografias de Slimani têm sido mais movidas com a energia de um operário metalúrgico soviético do que com a leveza de um bailarino do Bolshoi. Sou capaz de já ter dito que o homem é mais um abre-latas do que artista do golo, mas isto é fácil de dizer. Difícil é interpretar aquele jeito desajeitado de Slimani. É isso mesmo. Não me faz lembrar a elegância do Jordão, nem revejo o instinto assassino de Jardel, mas Slimani tem para ali um jeito sem jeito que tem dado golos e golos que libertam. O primeiro lugar em que estamos é também feito com os golos de Slimani. O primeiro lugar em que estamos é feito com golos de abre-latas que rebentaram com equipas que se tinham fechado como sardinhas em lata. Não sou eu que vou esticar o dedo biblíco para a baliza, mas se Deus não levar a mal, eu começo a achar que muitos guarda-redes ainda vão sentir a passarinha a tremer quando aquele gigante de jeito desajeitado apontar à baliza.