Tiros monumentais no próprio pé
Em cima da hora, escrevi ontem aqui o que me parecia óbvio: o Sporting fez o resultado mais positivo das equipas portuguesas nesta jornada europeia, o que constituiu uma boa estreia de Ricardo Sá Pinto enquanto treinador da equipa principal de futebol do nosso clube. Abrindo hoje o Record, verifico que o director-adjunto deste jornal, António Magalhães, vem igualmente destacar tal facto na análise que publica na página 2 deste diário:«O Sporting foi a única equipa portuguesa que não perdeu na primeira mão da ronda europeia que envolveu também Benfica, FC Porto e Sp. Braga.»
Todos de acordo? Aparentemente não. As notas dissonantes vieram precisamente de dois colaboradores do mesmo jornal que ostentam cachecóis sportinguistas: Jorge Gabriel e Daniel Oliveira.
O primeiro, provavelmente por falta de melhor assunto, veio só ao fim destes dias assinalar que Domingos Paciência não devia ter sido afastado do cargo de treinador porque "conseguiu em seis meses chegar à final da Taça de Portugal». E escreve isto, assinale-se, depois de se proclamar "amigo" de Ricardo Sá Pinto. Caso para dizer: com amigos destes...
O segundo, também sem uma palavra sobre o 2-2 alcançado na Polónia, escreve o seguinte: «Ninguém põe em causa o sportinguismo de Sá Pinto. Mas o clube precisa de alguém que crie uma equipa, não de um boxeur que as claques aplaudam.»
É também por isto que o Sporting tem entrado tantas vezes em campo antecipadamente derrotado: alguns dos que se intitulam sportinguistas fazem questão de estar sempre na primeira linha das críticas. Não visando os clubes rivais, mas o próprio clube. Dando monumentais tiros no próprio pé.