Grande Sporting, o nosso Sporting
Bruno de Carvalho devolveu a esperança aos sportinguistas. Há que dizê-lo, com a naturalidade de quem se limita a reconhecer uma evidência. De tal maneira que - vejam bem a diferença - há um ano afundávamo-nos sem remissão na tabela classificativa, caindo para o décimo lugar, e agora damo-nos ao luxo de discutir qual o modelo mais eficaz para pôr a nossa equipa a marcar ainda mais golos.
Há um ano tínhamos nas nossas fileiras um só ponta-de-lança, apesar de se tratar do plantel mais caro de sempre na história do clube: bastaria uma lesão para se acenderem todos os sinais de emergência na equipa; hoje discutimos quantos homens-golo o treinador deve fazer alinhar no onze inicial.
Há um ano, descobríamos alguns jovens da nossa formação, promovendo-os em desespero de causa à equipa principal para colmatar as lacunas das pseudo-vedetas pagas a peso de ouro para se arrastarem em campo, com salários chorudos e exibições paupérrimas; hoje os jovens oriundos da nossa academia constituem a espinha dorsal da equipa por opção deliberada dos responsáveis técnicos, algo já com reflexos ao nível da selecção nacional (basta reparar na recente entrada de William Carvalho no decisivo jogo Suécia-Portugal que nos qualificou para o Campeonato do Mundo).
Há um ano, discutia-se por toda a parte a intromissão do Braga no grupo dos chamados "três grandes" e não faltava quem condenasse o Sporting a discutir com os bracarenses a terceira posição desse pódio simbólico; hoje, com o Braga a 11 pontos e seis lugares atrás de nós no campeonato, esse debate parece quase surreal.
À cultura da tolerância perante um Sporting coitadinho que se arrastava penosamente nos relvados nacionais sucedeu-se a cultura da exigência perante um Sporting que todos já apontam como candidato ao título. E, curiosamente, alguns dos que agora mais falam nisso, entre os sportinguistas, são precisamente os mesmos que num passado recente suplicavam que a equipa não fosse sequer pressionada para objectivos menos ambiciosos, como um lugar de acesso à Liga dos Campeões.
Não pode haver maior contraste entre o que o Sporting era e o que este Sporting de Bruno de Carvalho é. Este Sporting da cultura da exigência em boa hora regressada ao nosso clube.
Sim, há que assumir tudo: temos uma das equipas mais fortes do campeonato.
Sim, somos candidatos a qualquer título nas competições que disputamos.
Sim, o Sporting jamais deixará de ser um dos grandes, por mais candidatos que uns tantos imbecis procurem inventar para o lugar que nos cabe por mérito próprio no desporto nacional e como traço de união entre milhões de portugueses.
Este Sporting que sempre conhecemos. Um grande Sporting. O nosso Sporting.