Rescaldo do jogo de hoje
Gostei
Do jogo. Emotivo, aberto, bem disputado, com sete golos, resultado incerto até ao último instante após meia hora de prolongamento. Parecia um jogo do campeonato inglês, como há muito não se via por cá. Foi jogo de Taça. Melhor: foi um verdadeiro jogo de final da Taça de Portugal. Duvido que haja outro tão bom nesta edição do certame.
Da atitude da nossa equipa. Deu luta, jogou taco a taco. Nunca se atemorizou - nem sequer com a prestimosa ajuda do árbitro Duarte Gomes ao Benfica. Perdeu, mas podia ter ganho.
De ver novamente Leonardo Jardim acertar nas substituições. Todas as mudanças foram eficazes: o Sporting ficou a ganhar com elas. Carrillo entrou no momento certo para render Wilson Eduardo, Slimani alargou a frente de ataque, permitindo ao Sporting jogar em 4-2-4 numa fase decisiva do encontro, e Carlos Mané revelou-se um bom reforço.
De Slimani. Confirma-se o que escrevi aqui: temos outro goleador em Alvalade. O argelino voltou a revelar-se uma aposta certa, marcando 22 minutos depois de entrar. Há uma semana, contra o Marítimo, marcou quatro minutos após ser lançado em campo. Com uma eficácia impressionante.
De Montero. Não marcou mas deu a marcar, construindo a jogada que terminou no primeiro golo e revelando pormenores de requinte técnico só possíveis num grande profissional de futebol. Foi derrubado aos 54' por Luisão na grande área benfiquista: o penálti ficou por assinalar. E deu um golo a marcar a Slimani, aos 109': o argelino acabou por enviar a bola ao poste.
De Adrien. Voltou a ser um gigante no meio-campo do Sporting, sobretudo a partir do segundo tempo, quando avançou no terreno. Marcou de forma impecável o livre que deu origem ao segundo golo. E aos 62' rematou com muita força à baliza benfiquista: foi com dificuldade que Artur desviou para canto este remate.
De William Carvalho. É impressionante a segurança que transmite à equipa com o seu virtuosismo técnico que quase passa despercebido, tamanha é a sua eficácia. Continua a ser, de longe, o maior recuperador de bolas nesta equipa sem nunca perder a disciplina táctica. Merece por vezes ser acompanhado mais de perto por um colega: Leonardo Jardim precisa de fazer alguns acertos no nosso meio-campo.
De Capel. Voltou a ser ele a sacudir uma certa apatia que prometia tolher a nossa equipa ao marcar um grande golo, aos 37', a passe de Wilson Eduardo. Ninguém parece acreditar tanto nas vitórias leoninas como ele.
De Maurício. Redimiu-se da exibição no Dragão ao assumir-se como patrão da defesa sportinguista neste seu regresso como titular. Voltou a marcar um golo, de cabeça, na sequência de um canto saltando por cima da defesa benfiquista.
De ver o nosso jejum de golos interrompido na Luz. Há quase três anos que o Sporting não marcava no reduto benfiquista. O autor do último golo tinha sido Helder Postiga. Agora houve três de uma vez só.
Não gostei
Da arbitragem. Duarte Gomes - benfiquista assumido - esteve igual a si próprio, procurando ser o protagonista do jogo. E foi mesmo, com influência directa no resultado: perdoou dois penáltis ao Benfica, por carga de Luisão sobre Montero e braço de André Almeida dentro da grande área benfiquista. E validou o terceiro golo encarnado, em que Cardozo parte de fora-de-jogo. "Limpinho, limpinho", diria o inefável Jorge Jesus se o árbitro se chamasse Capela. Como se chama Gomes, limitou-se a dizer que fez "uma excelente arbitragem" e esteve "à altura do jogo". Confirmando assim que o SLB jogou duplamente em casa.
Do frango de Rui Patrício. Permitiu a vitória tangencial do Benfica, naquele que é desde já candidato a golo mais caricato da temporada, e afectou a equipa do ponto de vista psicológico quando já havia mais de cem minutos de jogo. O Sporting não merecia este golo. Nem o próprio Rui Patrício o mereceu por ter feito três defesas de grande categoria neste desafio.
De sofrer outro golo de livre. A nossa equipa continua a claudicar em lances de bola parada ofensiva das equipas adversárias. A barreira pareceu estar mal formada no livre que deu origem ao primeiro golo do Benfica.
De ver adeptos benfiquistas atirar moedas e isqueiros aos atletas do Sporting nas marcações de canto. Um jogo desta categoria não merecia atitudes destas por parte de ninguém sentado nas bancadas.
Da derrota. Detesto perder, seja em que competição for. Mas há que reconhecer que o Sporting caiu de pé, no estádio do velho rival, depois de ter dado luta em todo o terreno durante o tempo todo. Com uma equipa em construção, não esqueçamos. É obra.