Os nossos ídolos (33): Leandro “El Pipi” Romagnoli
Na impossibilidade de “repetir” ídolos - caso ainda fosse possível escreveria sobre Balakov -, decidi-me a vasculhar o baú de memórias dos últimos anos. Comecei por seleccionar aqueles jogadores de que mais gostei e de que não teria embaraço algum em envergar uma camisola com o seu nome estampado nas costas. A opção recaiu mais num “preferido”, retirado deste lote, do que propriamente num “ídolo”.
No início de 2006, regressava de um período no Rio de Janeiro, onde fiz um bom amigo argentino, adepto do San Lorenzo de Almagro e que se tornou posteriormente adepto do Sporting, tal como eu me tornei simpatizante do San Lorenzo, por afinidade. Nesse início de 2006 recebi uma chamada telefónica desse amigo, em estado de euforia, a informar-me que o ídolo do seu clube vinha para o Sporting. A descrição que me fez não podia ser mais entusiasmante. Fiquei, imediatamente, empolgado.
Como a maioria dos jogadores argentinos, Leandro Romagnoli, tem uma alcunha, El Pipi, na Argentina é conhecido por El Pipi Romagnoli. Também como a maioria dos jogadores argentinos, Romagnoli tem como grande ídolo Diego Armando Maradona, que o chegou a considerar, na sua autobiografia (2000), como um dos 100 melhores jogadores de sempre e um jogador com talento suficiente para lhe suceder.
Lembro-me perfeitamente da sensação que tive quando vi Romagnoli a jogar de verde e branco pela primeira vez. Um jogador fino, com boa técnica individual, um 10 clássico, com uma forma de interpretar o jogo muito própria, mas fisicamente lastimável. E, como se sabe, a condição física é indissociável do rendimento desportivo. Assim que El Pipi se começou a apresentar melhorias no seu estado físico, a qualidade apareceu. E não era pouca.
Tudo em Romagnoli era artístico, desde a forma como recebia a bola, a forma como aparecia e ocupava os espaço, passando pela sua estranha forma de correr e pelas longas discussões que gerava entre os que o defendiam (diria mais, entendiam) e os que o atacavam. Classe, talento e inteligência. É desta forma que defino Romagnoli. Como já referi várias vezes, a inteligência e a percepção do jogo são, para mim, as características mais importantes de um futebolista.
Quando penso em Romagnoli vêm imediatamente à memória aquelas combinações com Nani no lado esquerdo do ataque, as assistência para Liedson, a forma como dava sempre uma linha de passe aos colegas, a forma como tocava a bola, os passes de ruptura que fazia e vontade de assumir sempre o jogo.
Foram 120 jogos e 13 golos com a camisola mais bonita do mundo vestida. Sempre treinado por Paulo Bento (é curioso que a única época em que Bento não contou com Romagnoli coincidiu com o seu abandono do Sporting), ganhou duas Taças de Portugal e duas Supertaças. Ficou sempre em segundo lugar no campeonato e esteve na equipa que mais próxima esteve de ser campeã nos últimos 10 anos, em 2006/2007 com apenas um ponto de atraso para o Porto.
Em Setembro de 2006 o meu amigo argentino esteve a viver uns tempos em Lisboa e sempre que o Sporting jogava em casa pedia-me a gamebox para ir ver o “seu” Romagnoli.