Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

És a nossa Fé!

Cumprir os contratos

Esta guerra entre jogadores e clubes, em que os segundos, por razões, na maioria, de carácter financeiro, querem a rescisão dos contratos ou a cedência a outros títulos, sempre vantajosa, é claro, de profissionais seus, não conhece inocentes. Talvez que nas situações concretas actualmente em discussão o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol tenha grande parte da razão do seu lado, já que me parece evidente que determinados clubes, entre eles, neste momento, o Sporting, tudo fazem para afastar das respectivas folhas de vencimentos jogadores com que não contam ou cuja remuneração é excessivamente pesada para as suas possibilidades. Mas os jogadores e o sindicato não podem, sob pena de ridículo, colocar-se na posição de virtuosos  trabalhadores a quem nunca passou pela cabeça, quando a ocasião surge, proceder de maneira equivalente à dos clubes. Admito que a maior parte não será assim, mas há alguns ou mesmo muitos que, pela sua cabeça ou, como é mais comum, obedecendo  às ideias inspiradas dos seus agentes, apoderados ou lá como é que lhes chamam, se comportam de maneira a levantar no observador comum as maiores dúvidas sobre os seus padrões morais. Para não ir mais longe, veja-se os recentes casos de Bruma ou, pelo que é possível avaliar através das informações transmitidas pela imprensa, o de Bale, cujas pressões sobre o clube com que mantinha um contrato válido foram repugnantes.

 

Nesta matéria e para falarmos das acusações vindas à praça pública, Bruno de Carvalho, decidiu exceder-se, de forma totalmente irrazoável, e contrariar os mais elementares conceitos de probidade, aceites em todo o lado há milhares de anos. Em comunicado de resposta a Joaquim Evangelista, que decidiu insurgir-se contra a maneira como o Sporting tem gerido alguns processos de rescisão, Bruno de Carvalho faz diversas e graves acusações, em que não me custa nada acreditar, a alguns atletas, não especificados, dizendo que alguns destes, passo a citar " ... forçam a chegada ao último ano de contrato para chantagearem os clubes..." Espantosa concepção esta dos direitos e deveres decorrentes de um contrato! Forçar a chegada ao último ano. Ou seja, forçar o cumprimento de um contrato! Extraordinário! Como se o vício não estivesse com quem pretende forçar o seu não cumprimento. E Bruno de Carvalho diz mais, acusa esses jogadores de o fazerem com o objectivo de chantagear os clubes. Não sei qual o conceito que o Presidente do Sporting tem de chantagem, admitindo eu, no entanto, que tenha algum. Mas, nas circunstâncias a que se refere, o que é normal é assistir a comportamentos que não têm nada a ver com chantagem. O jogador recusa-se a sair antes do último ano de contrato porque isso lhe vai ser favorável na negociação de um novo contrato com outro clube. Ou o jogador  quer sair sob o signo do impropriamente chamado custo zero porque isso lhe permitirá cobrar um elevado prémio de assinatura no contrato com outro clube. Ou o jogador quer negociar com o clube com que tem contrato uma remuneração muito superior.

 

Podemos imaginar mais algumas situações em que o jogador que tenha cumprido o contrato até ao seu termo beneficie de vantagens negociais que, por outro lado, induzam no clube a sensação de que sai prejudicado. Está bom de ver que este prejuízo não existe nem há, na maioria dos casos, qualquer acto que se assemelhe à chantagem. O contrato foi cumprido e o clube, quando muito, não realiza um negócio que estava nas suas expectativas. E o que é que os clubes querem? Querem que os jogadores aceitem ser transferidos, seja para onde for, nem que seja o Real Madrid, o Barcelona ou o Juventus, só porque isso redundaria num grande negócio para o clube com que têm contrato? Ou que renovem o seu contrato com o clube, porque isso é vantajoso para este? Dentro dos limites fixados pela lei, o que cada um tem a fazer é olhar para os seus objectivos, para as suas vantagens e desvantagens negociais, para os seus interesses financeiros e para quaisquer outros elementos que considere importantes e tomar a melhor decisão possível. Haverá comportamentos que possam ser considerados como chantagem? O melhor é torná-los públicos. O que de certeza não podemos dizer é que a vontade de cumprir contratos, forçar o cumprimento de contratos, na linguagem do Presidente do Sporting, é digna de censura.

7 comentários

Comentar post

{ Blogue fundado em 2012. }

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Pesquisar

 

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D