Jogar a sério do princípio ao fim
Como de costume, a imprensa especializada em futebol limitou-se a sublinhar o óbvio: o exelente desempenho de Montero no golo que fechou a sua conta individual - e a do Sporting - na vitória por 5-1 contra o Arouca.
Mas faltou ir um pouco mais longe. Para se perceber bem até que ponto esta é uma equipa renovada, em que a vontade de vencer prevalece sobre tudo o resto. Sendo o futebol um desporto colectivo, nunca é de mais destacar esta dimensão de uma modalidade que tanto nos fascina.
A jogada do quinto golo, por exemplo, transcendeu muito o celebrado virtuosismo do avançado colombiano. Teve outros intervenientes que merecem destaque. Porque, cada qual a seu modo, todos simbolizam a nova atitude de um Sporting que se quer leão não apenas no símbolo.
Jefferson iniciou o lance ofensivo, encostado à linha esquerda. A equipa vencia já por 4-1, a poucos minutos do fim: o mais cómodo seria atrasar a bola, devolvê-la porventura ao guarda-redes. Mas para Jefferson recuar não era opção: neste Sporting joga-se para a frente, não para trás. E assim fez.
Capel recolheu-a. E acelerou ainda mais, rumo ao único objectivo que interessava: a baliza adversária. Já tinha feito uma assistência para golo, a equipa vencia por uma vantagem dilatada, mas não lhe bastava isso. Era preciso mais. Podia entreter as bancadas com uns floreados. Mas para Capel a jogada inócua não era opção. O jogador - um dos grandes ídolos de Alvalade - voltou a fazer um passe cirúrgico tendo Montero por destinatário.
E, enfim, o colombiano. Já tinha marcado dois, já tinha sido brindado com aplausos merecidos. Podia fazer de conta que tentava mais um golo. Mas para Montero fazer de conta não era opção: ele ambicionava outro - o terceiro golo, o mais requintado do ponto de vista técnico, o que lhe garantiu uma ovação ainda maior.
Três intervenientes nesta brilhante jogada colectiva. Três leões.