Pura alegria!
Já não me lembro do jogo, já não sei o dia, nem adversário, nem resultado. Devia ter pouco mais de três anos – ela, não eu. Foi comigo à bola. Tudo o que retenho desse dia cristalizou-se pelo meu espanto ao vê-la eufórica ao primeiro vislumbre do relvado. Quis o destino que lhe visse o rosto iluminar-se no preciso instante em que o pano verde lhe surgiu no horizonte, espreitando por uma das muitas bocas de cena que fazem de nós atores e plateia. Pulou, pulou, correu, simulou um mergulho na relva, fez todas as cabriolas que conhecia e voltou para trás puxar-me pela mão. “Anda pai, é o Sporting!”.Ela não é fanática, hoje adora as pipocas de ir ao estádio e vai começando a querer saber os porquês da joga, mas naquele dia, naquele instante, sem que o esperasse minimamente, uma singela imagem iluminada converteu-a em plena alegria vibrante, de uma energia que me acompanhará para sempre.
Amanhã vai voltar a ser o primeiro dia. Não seremos dois mas três, acompanhados de mais uma infante.