Os jarretas (3)
- Então gostaste daquelas duas vitórias no mesmo dia?
- Quais vitórias? Aquilo alguma vez foram vitórias?
- Não foram?
- Claro que não. Precisas de ter cuidado para não te deixares intoxicar pela propaganda brunista que é repetida todos os dias nos jornais e nas televisões. Não foram vitórias. Foram empates!
- Pois...
- Os jogos terminaram empatados e foram decididos por penáltis. Ora quando isso acontece, como toda a gente sabe, a vitória pode cair para qualquer dos lados. O que aconteceu foi sorte, foi vaca, foi muito ranço! Mais nada.
- E o que achaste da atitude do treinador dos putos, o Abel?
- Detesto esse gajo. É um sonso. Até fico com urticária ao ouvir o nome dele. Quem formou a nossa equipa B não foi ele. O que sabe ele de futebol? Devia era andar muito caladinho em vez de se pôr em bicos dos pés. Só quer protagonismo mediático.
- Mas ele mexeu bem na equipa...
- Não mexeu bem nem mal. Teve sorte, nada mais. Empatar aquele jogo contra uma equipa claramente mais fraca não devia dar-lhe o direito de ter aquela prosápia toda. Ele devia era ajoelhar, como fez o Jesus no Dragão!
- Isso sim, é que foi emocionante. Tens toda a razão. Verdadeiramente inesquecível. O tipo ajoelhado e sessenta mil almas a vibrar de emoção.
- Sabes? Às vezes olho para o nosso estádio, todo verde, e fico a pensar que gostaria muito mais de o ver azul...