Tudo ao molho e Fé em Deus - A esmerada arte de perdoar
Bobby Robson quando treinou o Sporting queixou-se da falta de "killer instinct" da equipa de futebol do clube. Passados 23 anos verificamos que a realidade continua igual: tivemos 9 oportunidades claras de golo, concluidas com 3 golos, 3 bolas nos ferros e 3 perdidas na cara do guarda-redes grego; em contrapartida, o Olympiacos em três meias-oportunidades (no 1º golo, Pardo estava rodeado por 4/5 jogadores leoninos, o segundo golo é caricato, tal a desconcentração de Jonathan e Patricio) marcou 2 golos.
Assim, uma importante vitória quase fica com sabor a derrota. Triste sina esta a de ficar a ver os jogos agarrado ao desfibrilhador. Não há coração de adepto que resista quando a equipa entra em modo Twilight Zone, subitamente parecendo estar noutra dimensão.
O próprio Jesus - parabéns pela sobriedade, lucidez e assertividade na entrevista no final do jogo - mostrou genialidade na maneira como preparou cada pormenor do jogo, surpreendendo com os alas invertidos que proporcionaram mais jogo interior, e definindo bem a zona de pressão para roubo de bola e transição rápida, mas depois fartou-se de inventar em substituições ad-hoc (deixando Iuri e Podence na bancada) que quase iam destruindo a obra-prima que, certamente com esmero, dedicação e trabalho, criara, como se os impulsos sombrios de um Mr Hyde ameaçassem devorar o trabalho bem intencionado do cientista Dr Jekyll. Atenção a estes "pormenores". Como bem diz o Filipe Arede Nunes, os nossos jogadores - que também não estão isentos de culpa - não se devem desleixar, nem perder tão flagrantemente a intensidade, apesar de compreender que alguns têm uma acumulação já muito grande de jogos e viagens em tão curto espaço de tempo.
De qualquer forma, não nos esqueçamos do essencial: foi uma noite de grande futebol (na 1ª parte) e jogadores e treinadores merecem o nosso elogio pela exibição de gala e, principalmente, pela vitória conseguida fora, o mais importante.
A outra boa noticia da noite é que Ristovski - entrada em campo coincidente com os 2 golos encaixados - está destinado a uma grande carreira. Pelo menos a fazer fé no que ontem escreveu Nuno Pombo, no Record, comparando a fraquissima estreia de Renato Sanches pelo Swansea com os maus inícios de Zlatan Ibrahimovic, pelo AC Milan e Messi (!), pela selecção argentina. Já sobre a estreia do Zé das Nicas, protofenómeno da Praia do Vau, nem uma linha. Não se compreende...Convenhamos que é obra, tal o rebuscado da coisa, mas já agora aproveito o balanço para animar o macedónio, enquanto não encontro pormenores escabrosos da carreira de Garrincha, Pelé ou Di Stefano. SL