Então a rapaziada vai daqui até aos confins da Polónia com calçado inadequado? Andaram o tempo todo em pontas para não escorregarem e nem depois do intervalo a coisa melhorou , o que só se explica por não terem levado um par de botas alternativo e mais apropriado. Não há campos maus, como há 2 anos se viu no temporal da choupana, há é equipamento errado.
Na flash Amorim disse que naqueles primeiros minutos de um Sporting retraído e desconfiado, anteriores à expulsão de Gyökeres, "estavam a ver o que o jogo dava." Por outras palavras: não conheciam o adversário, não sabiam quem estavam a defrontar. Caso primeiro dramático, depois patético, foi Esgaio. O polaco sabia como ultrapassá-lo - "tinha o pé trocado" - e ultrapassou-o sempre, sempre, sempre, ao passo que Esgaio não fazia a mínima ideia como detê-lo. Nem em vídeos o deve ter visto.
A rapaziada treina os passes? Ou sou só eu a achar assombrosa a quantidade de passes mal medidos, mal direccionados, mal executados? Fora a atitude diletante e displicente de alguns artistas que enquanto não produzem maravilhas de vez em quando só fazem asneiras, isto para quem está toda a semana junto é sumamente intrigante.
O jogo foi horrível e só por milagre não levamos uma trepa das antigas. Mas os sinais dados pelo Sporting são preocupantes, parecem ir para além da circunstância de um fim de tarde mal passado.
Robert Lewandowski, no Twitter, justificando a ausência da selecção polaca do jogo de apuramento para o Mundial que devia disputar-se em Moscovo no dia 24 de Março
Queixamo-nos - e com razão - da nossa exibição de ontem contra a Alemanha. Pois os espanhóis estão pior que nós: dois jogos, apenas dois pontos. Só um golo marcado até agora. Empataram a zero com a Suécia e ontem registaram novo empate (1-1), desta vez contra a Polónia.
Em alta competição, não se pode falhar nos momentos decisivos. Morata, que já tinha desperdiçado uma oportunidade soberana na partida inaugural, ontem voltou a ser protagonista pela negativa. Aos 83', assistido por Sarabia, foi incapaz de a meter lá dentro. É verdade que foi ele a marcar o golo solitário dos espanhóis, aos 25', mas soube-lhes certamente a pouco. E os adeptos do país vizinho não lhe perdoam decerto ter falhado a recarga após uma grande penalidade que Moreno - também pouco inspirado - dirigiu ao poste, aos 58'.
A Polónia arrancou um precioso ponto (primeiro até agora) graças ao talento ímpar de Lewandowski, que marcou de cabeça aos 54'. O seu primeiro neste Euro-2021. E ainda - já no segundo tempo - registou a estreia do mais jovem jogador de sempre num Campeonato da Europa: o jovem Kacper Kozlowski, com apenas 17 anos e 245 dias.
A selecção polaca, comandada pelo nosso Paulo Sousa, viu-se muito pressionada no primeiro tempo desta partida, disputada em Sevilha. Mas a etapa complementar foi equilibrada: o resultado acabou por ser justo. Agora fazem-se muitas contas no Grupo E, que a Suécia comanda com 4 pontos (venceu anteontem a Eslováquia por 2-1).
Quem disse que a Hungria é a pior selecção deste Europeu? Tal dislate, papagueado após Portugal a ter derrotado na primeira ronda, ficou ontem desmentido no empate imposto pelos húngaros à França, campeã mundial, com a Arena Puskás repleta de adeptos a puxarem pelo onze da casa.
Os franceses dominaram - uma vez mais com Pogba e Mbappé como motores do ataque. Mas foram os húngaros a adiantar-se no marcador, aos 45'+2, com um grande golo de Attila Fiola. Havia cinco jogos que a selecção gaulesa mantinha as suas redes intactas.
O empate surgiu aos 56', num grande trabalho colectivo da selecção azul: o veterano guardião Lloris repôs muito bem a bola num passe longo, seguiu-se uma grande movimentação de Mbappé e o remate forte e bem direccionado de Griezmann a metê-la lá dentro. O avançado do Barcelona, que foi o rei dos marcadores no Euro-2016 (com seis golos), estreou-se agora como artilheiro neste confronto em Budapeste. Mas foi insuficiente para desfazer o empate.
Os franceses farão tudo para vencer Portugal na quarta-feira: só assim confirmarão o passaporte para os oitavos.
Se houve jogo que merecia golos, foi o Inglaterra-Escócia, disputado sob chuva intensa em Wembley, na sexta-feira.
Foi um jogo disputadíssimo. Não faltou caudal ofensivo de parte a parte. Os escoceses parecem ter surpreendido os ingleses, que não vencem um grande torneio desde o Mundial de 1966. Kane, o rei dos avançados da selecção inglesa, continua em branco neste Europeu.
Do lado da Escócia, realço as exibições de Billy Gilmour, Callum McGregor e Stephen O'Donnelll (que quase marcou na primeira parte). Pelos ingleses, merece destaque Grealish, que entrou talvez demasiado tarde (63'): tecnicista requintado, venceu todos os confrontos individuais. Também gostei de Rashford, que rendeu Kane aos 74': a partir daí, o corredor direito foi todo dele.
Mas não bastou aos ingleses para conseguirem mais do que um ponto. E a Escócia foi até a selecção com mais remates, algo que poucos imaginariam antes do jogo.
Tudo está bem quando acaba bem. Num jogo que começou da pior maneira para nós, com a Polónia a marcar logo aos 2', e a equipa das quinas mergulhada numa confrangedora confusão táctica durante a meia-hora inicial, o sofrimento manteve-se apesar do golo do empate, iam decorridos 33'. E não parou até ao fim do tempo regulamentar nem durante o prolongamento. A selecção comandada por Fernando Santos concedia espaço excessivo ao adversário na fase de construção, abdicava de atacar a bola no meio-campo polaco, errava passes e perdia sucessivos ressaltos.
Cristiano Ronaldo, muito apagado durante a partida disputada em Marselha, só pode queixar-se dele próprio: desta vez até foi servido em duas ocasiões - primeiro por João Moutinho, talvez no melhor lance individual do jogo, depois por Eliseu. Mas estava em dia não: nada lhe saía bem. Valha a verdade que foi carregado em falta aos 30' na grande área da Polónia: um penálti flagrante ao qual o árbitro fez vista grossa.
Portugal podia ter resolvido o jogo na segunda parte, sem se sujeitar ao desgaste físico provocado por meia-hora suplementar nem ao desgaste emocional que a marcação de penáltis finais sempre suscita. Mas faltou intensidade e ousadia. Faltou também frescura muscular: era notório que alguns jogadores já actuavam em esforço. O mesmo sucedia aos polacos, o que afectou a qualidade do espectáculo.
Vale a pena fazer destaques individuais. Desde logo Pepe, que voltou a ser o melhor em campo: defendeu tudo quanto havia para defender de modo irrepreensível e lançou sempre a equipa com qualidade na fase inicial de construção. Depois William, incansável a recuperar bolas no meio-campo defensivo e a distribuí-las com a qualidade de passe a que já nos habituou. Finalmente Renato Sanches, pela primeira vez titular no Europeu e também pela primeira vez a marcar na fase final de uma grande competição: foi dele o golo do empate, com um pontapé muito bem colocado, desferido com o pé esquerdo, correspondendo da melhor maneira a uma vistosa assistência de calcanhar feita por Nani.
O melhor estava para vir. E veio no fim. Os nossos cinco jogadores chamados a converter as grandes penalidades cumpriram a missão com brilhantismo. Primeiro o capitão, Cristiano Ronaldo. Depois Renato. Seguiram-se Moutinho, Nani e Quaresma. É fundamental assinalar também a extraordinária defesa de Rui Patrício, que evitou a conversão do quarto penálti polaco, a cargo de Kuba, num voo rasante só ao nível dos guarda-redes de inegável categoria.
Missão comprida, missão cumprida. Estamos nas meias-finais do Campeonato da Europa, o que nos acontece pela quinta vez. Vamos defrontar a Bélgica ou o País de Gales, falta saber qual destas selecções teremos pela frente no próximo desafio, marcado para quarta-feira às 20 horas.
Mas isso pode esperar. Vamos agora festejar a ultrapassagem deste obstáculo chamado Polónia. Devagar se vai ao longe.
Portugal, 1 - Polónia, 1 (5-3,no desempate por penáltis)
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Os jogadores portugueses, um a um:
Rui Patrício - Atento, sempre seguro entre os postes. Acabou por não ter tanto trabalho como se antevia, mas correspondeu quando necessário. Boa defesa aos 69'. Sem hipótese no golo. O seu melhor momento foi a defesa do penálti marcado por Kuba. Totalmente decisivo.
Cédric - Cometeu um erro infantil logo no segundo minuto de jogo ao falhar o tempo de salto em zona proibida, o que permitiu que a Polónia se adiantasse no marcador, com golo de Lewandowski. Redimiu-se ao longo da partida, ganhando quase todos os duelos individuais no seu flanco.
Pepe - Voltou a ser o melhor português pelo segundo jogo consecutivo. Agigantou-se em todos os lances que disputou, desviando o que havia para desviar sem necessidade de recorrer a faltas. Recuperou uma bola aos 81' e lançou um contra-ataque rapidíssimo, pondo os polacos em sentido. Exibição de luxo.
José Fonte - Completou bem as tarefas defensivas de Pepe: até parece que jogam juntos há anos. Acorreu à dobra quando Eliseu era ultrapassado, revelando segurança e maturidade. Bom cabeceamento aos 78', mas a bola saiu à figura do guardião polaco.
Eliseu - Voluntarioso e combativo, sobra-lhe em força anímica o que já lhe val faltando em pernas. O seu melhor momento foi um cruzamento milimétrico aos 92' que Ronaldo desperdiçou: esse lance podia ter arrumado o encontro. Mas vários outros passes não lhe saíram bem.
William Carvalho - Um poço de energia enquanto esteve em campo. Não lhe bastou ser o maior tampão contra as investidas polacas, recuperando inúmeras bolas: sabia sempre recolocá-las em jogo, desmarcando os colegas. Saiu aos 96', já esgotado de tanto correr e um cartão amarelo que o exclui da meia-final.
Adrien - Combinou da melhor maneira com William, aproveitando as rotinas que ambos já criaram no Sporting, destacando-se igualmente na recuperação de bolas. Aos 66' fez um dos melhores passes para Ronaldo, infelizmente desaproveitado. Saiu aos 74', já "amarelado".
Renato Sanches - Entrou finalmente como titular e demonstrou ao seleccionador que valeu a pena apostar nele. Marcou o nosso golo solitário e imprimiu dinâmica de vitória à equipa. No final, voltou a ser decisivo ao marcar o penálti que lhe competia. Falta-lhe só mais rigor no processo defensivo.
João Mário - Fez talvez o seu jogo mais apagado deste Europeu, em parte por parecer sempre deslocado da sua posição ideal: Fernando Santos mandou-o encostar à linha esquerda, auxiliando Eliseu na tentativa de impedir a progressão polaca. Nem sempre se entendeu com Ronaldo. Saiu aos 80'.
Nani - Teve dois momentos altos durante a partida. O primeiro aos 28', ao servir muito bem Ronaldo num lance em que o capitão é carregado em falta, o segundo aos 33', com uma soberba assistência de calcanhar para o golo de Renato. Voltou a destacar-se ao marcar um dos penáltis finais.
Cristiano Ronaldo - Devia ser ele a fazer a diferença para uma grande exibição portuguesa, mas ainda não foi desta que isso sucedeu. Sem contornar as marcações, falhando por sistema o tempo de intervenção, perdendo até vários confrontos individuais, quase passou ao lado do jogo. Valeu o penálti marcado no fim: a ronda vitoriosa começou nele.
João Moutinho - Rendeu Adrien aos 74'. Parece ter-lhe feito bem o descanso no jogo anterior, por acaso o único que conseguimos vencer até agora nesta fase final do Europeu. Aos 86', foi dele o melhor lance individual da partida ao picar a bola que sobrevoou toda a defesa polaca e foi anichar-se nos pés de Ronaldo, que a dominou mal.
Quaresma - Substituiu João Mário aos 80' para dar frescura e dinamismo à equipa, numa fase em que os polacos pareciam já ter desistido de chegar à nossa grande área. Tentou servir Ronaldo, desta vez sem sucesso. Mas voltou a ser o talismã da selecção: o golo de penálti que nos pôs nas meias-finais foi dele.
Danilo - Entrou aos 96', substituindo William Carvalho, voltando a demonstrar que continua a faltar-lhe a qualildade de passe do colega. Com ele em campo a selecção recua 20 metros. Mas era mesmo essa, pelos vistos, a missão que Fernando Santos lhe pedia.
Em dia de jogo contra a Polónia, lembremos o grande Andrzej Juskowiak que fez 74 jogos pelo Sporting e marcou 25 golos, como este. Em termos de polacos em Portugal, lembremos ainda Jozef Mlynarczyk, antigo guarda-redes do FCP e provavelmente o polaco que maior sucesso alcançou na nossa liga. Pelos azuis e brancos jogaram, nos anos 90, o avançado Grzegorz Mielcarski e o guarda-redes Andrzej Wozniak. Sem grande sucessoo. Mais recentemente, o Boavista de 2006, contou com Przemyslaw Kazmierczak (chegaria ao FCP e passaria por Setúbal) e Rafał Grzelak. Em Guimarães, morou Marek Saganowski, deixando 16 golos e muitas saudades. Rumou ao Troyes antes de rumar a Inglaterra. Da equipa B do Benfica, joga o jovem Paweł Dawidowicz. Esqueci-me de alguém?
Sem vitórias nos noventa minutos e sem um futebol bonito, Portugal está nos quartos-de-final e joga quinta-feira em Marselha (no estádio mais bonito do Euro 2016), contra a Polónia, pior do que a Suíça mas vencedora do confronto de sábado passado. Olhemos para o plantel polaco. Na baliza, mora Fabianski que, após anos a marcar passo no Arsenal, brilha no Swansea. Na defesa, Piszczek (Dortmund) é craque e faz o lado direito. Jedrzejczyk (Légia Varsóvia) é mais lento e limitado e joga pela esquerda. É um lado a explorar. No centro, tal como na Croácia, há dois pilares: Pazdan (Légia Varsóivia) e Glik (Torino). São fortes fisicamente e jogam simples mas de forma lenta. Outro ponto a explorar. No meio campo, quatro homens. Na direita há Kuba, a jogar em Itália (Fioretina) após uma vida no Dortmund. Parece ter perdido algum gás nos últimos anos mas continua cheio de garra. No centro, joga o operário Maczynski (Wisla Cracóvia) e o criativo Krychowiak, em trânsito do Sevilha para o PSG por cerca de quarenta milhões de euros. Não fosse a presença de Lewandowski e seria a estrela da companhia. Na esquerda, fecha Grosicki (Rennes) extremo à antiga, rápido mas algo limitado. Será facilmente anulado por um Cédric em forma. Na frente, o perigo maior. Milik (Ajax) fez grande época na Holanda (24 golos) e Lewandowski (Bayern) é um dos melhores avançados do mundo. Não acredito nos rumores da sua lesão. O onze não deve fugir disto, nem há grande matéria para mais. Nota apenas para Linetty (Lech Poznan), médio centro de futuro; Zielinski, titular do Empoli e médio de futuro e para Kapustka (Cracovia Krakow), médio ofensivo que é a grande esperança do futebol polaco.
Do nosso lado, nada de baixar os braços. A Croácia era, em teoria, melhor do que a Polónia mas nada de confianças exacerbadas. Só uma seleção altamente combativa e concentrada pode eliminar a Polónia. Na baliza, continua Patrício. Nas alas, Raphael, um dos melhores da equipa na competição, mantém-se e espero que Cédric também. O lateral ex-Sporting ataca e defende melhor, podendo segurar Grosicki e embaraçar Jedrzejczyk. No centro, não me espantaria que continuassem Pepe (imperial na última partida) e Fonte (simples e seguro). Carvalho, aos 38 anos, precisa de descanso e se tudo correr bem, ainda pode fazer dois jogos. No meio-campo, o alinhamento é óbvio: Mário, Wiliam, Adrien e Sanches. O trio do Sporting respondeu à chamada e Sanches mexeu com o jogo. Gostava depois de ver Rafa na esquerda a aproveitar com a sua velocidade (Quaresma também pode descansar, e o bracarense tem rotina de 4-4-2) o cansaço polaco. Esperemos que não dê um ataque de teimosia a Santos e que Gomes e Moutinho fiquem pelo banco. Nani e Ronaldo são a dupla esperada para chegar ao golo. Éder, fetiche de Santos, poderia também ser utilizado para arrastar os centrais. Todos sabemos que não é um matador mas que é trabalhador, é. E, sem um minuto jogado, está fresco. O futebol bonito nunca nos trouxe resultados mas se for possível jogar um pouco mais "à bola", agradecemos. Como é lembrado bastas vezes, não somos a Grécia.
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