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És a nossa Fé!

Catar, catariano ou catarense

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Parece haver ainda dúvidas sobre a grafia no nosso idioma da palavra Catar, aludindo ao Estado anfitrião do Campeonato do Mundo de Futebol. Convém desfazê-las junto de quem sabe. Para o efeito, nada como recorrer ao Ciberdúvidas - o melhor consultório digital que conheço sobre a língua portuguesa.

Catar - transliteração da fonética arábe - é topónimo já consagrado em dicionários e prontuários. Rejeitando-se a aberrante transliteração inglesa Qatar, «impossível à luz da tradição ortográfica portuguesa», como assinala o José Mário Costa. E muito bem: cada língua com a sua norma. Convém acrescentar que os respectivos gentílicos podem ser catarianos ou catarenses. Qualquer das fórmulas é aceitável.

Bem sei que nada disto se relaciona directamente com desporto. Mas um pouco de cultura nunca é de mais. Neste blogue também.

Imarcescível

Sim, imarcescível.

 

«É o que lhes digo.

Com esta idade e nunca o usei.

Há cerca de trinta anos apareceu-me uma oportunidade de o fazer, mas senti certas dúvidas e tive receio.

No entanto, ultimamente [sic] tenho-o lido com bastante frequência nos discursos que quotidianamente vejo nos jornais.

Já não sou criança e não quero deixar este mundo sem o usar pelo menos uma vez. É o vocábulo realmente impraticável, verão, mas mesmo assim vou usá-lo. Imarcescível. Aí está! Espantoso, não acham? Imarcescível. Alucinante! Por isso lhes conto »

 

LEIRIA, Mário Henrique - Contos do gin-tonic. 3ª ed. Lisboa : Estampa, [1989]. p. 142

A influência árabe no Benfica

Sabida é a influência árabe na nossa história, e sua presença na toponímia e no léxico em geral. Muito importante na reflexão sobre o que é ser "português" foi a reclamação, mais ou menos mítica, do factor moçárabe, para muitos base desta propensão nacional para a mistura, a célebre miscigenação. Não é um blog desportivo o sítio para estar a perorar sobre o assunto. Mas acabo de ler este interessantíssimo breve artigo: "As influências do árabe na língua portuguesa e locais portugueses com nomes árabes", cheio de simpáticas curiosidade.

Algumas das quais serão preciosas para as nossas prestações na bancada (ou no sofá). Pois, como diz o artigo, "Muitos termos do calão português, do mais brejeiro ao mais indecente, têm origem no Árabe. Por exemplo Marafada (Mraa Khaina, ou mulher que engana), Mânfio (Manfi, desterrado ou proscrito) ou ainda Marado (Marid, ou doente)."

Mas mais interessante ainda, em termos da compita para os títulos, é algo que revela e que eu desconhecia: "Benfica (Ben Fiqa, filho da calmeirona ou da mulher alta)".

 

As palavras do ano

Informa a Porto Editora que os vocábulos em competição até 4 de Janeiro, para conquistarem o título de Palavra do Ano são incêndios, afecto, vencedor, crescimento, cativação, desertificação, gentrificação, peregrino e independentista.

Noutros anos as palavras eleitas foram esmiuçar (2009), vuvuzela (2010), austeridade (2011), entroikado (2012), bombeiro (2013), corrupção (2014), refugiado (2015) e geringonça (2016). De acordo com quase todas, excepto bombeiro, que podia ser palavra de qualquer ano, e entroikado, um termo fugaz, que nunca vingou. Vuvuzela - artefacto sonoro popularizado universalmente no campeonato mundial disputado na África do Sul - demonstrou como o futebol pode influenciar o vocabulário comum.

Até devido a tal precedente, faltam desta vez aquelas que são para mim, inquestionavelmente, as Palavras de 2017: video-árbitro e cartilha.

Eu votaria na primeira. Para acabar de vez com a segunda.

Prejudicialmente nocivo

Revela-nos o comunicado oficial nº249 da Liga Portuguesa de Futebol Profissional que o próximo jogo do Benfica, com o Gil Vicente, se realizará no Estádio do Restelo. Ainda segundo o mesmo comunicado, a decisão deve-se a informação prestada pelo Benfica, nos termos da qual tornou-se inevitável uma intervenção imediata no relvado do Estádio do Sport Lisboa e Benfica que determinará a aplicação de adubos e outros químicos. Estes produtos, prossegue-se, não são seguros. Conclui a informação, neste ponto não é claro se esta é prestada pelo Benfica ou pela empresa encarregada do tratamento do relvado, que a situação impede a prática desportiva em segurança: a utilização dos fitofármacos em causa, por serem prejudicialmente nocivos à saúde, quando inalados ou em contacto com a pele (...) sendo completamente desaconselhada a utilização do relvado durante esse tempo.

 

Ando eu, há tanto tempo, à procura, já cansativamente extenuado, de palavras que exprimam, de forma energicamente vigorosa, os muitos vícios de que me queixo, amargamente acerbo, na organização, práticas e tiques do futebol português e deparo-me, assim de repente, com esta fórmula brilhantemente luminosa, de valor inapreciavelmente incalculável, ricamente preciosa. Prejudicialmente nocivo é genial, vai, sem dúvida, constituir-se num bordão linguístico inestimável dos meus piores juízos e dos meus vaticínios mais pessimistas. Ao eloquentemente facundo criador deste encanto, um sincero bem-haja. 

A sabedoria da Wikipedia (1)

Resiliência - "É um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, stress, etc. - sem entrar em surto psicológico. No entanto, Job (2003), que estudou a resiliência em organizações, argumenta que a resiliência se trata de uma tomada de decisão quando alguém depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer. Essas decisões propiciam forças na pessoa para enfrentar a adversidade. Assim entendido, pode-se considerar que a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades".

(Que o autor do referido estudo se chame Job, eis a pérola em cima do bolo para reflexão. Não entremos "em surto psicológico", pois)

{ Blogue fundado em 2012. }

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