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És a nossa Fé!

Adeus, Europa

Acabamos de dizer adeus à Liga Europa após derrota (1-2) frente à Atalanta, em Bérgamo. Mantém-se a tradição: continuamos sem vencer em Itália. 

Péssimas exibições de Edwards, Trincão e Paulinho. 

O melhor foi Pedro Gonçalves - como de algum modo antevi aqui. Infelizmente saiu com lesão aparentemente grave logo após ter marcado o nosso golo, aos 33'.

Nada a fazer: restam-nos as competições internas. Parabéns ao Benfica, que ao vencer o Rangers em Glasgow transita para os quartos da Liga Europa. 

Maus pés

A "ciência" do futebol actual está orientada para a questão mais complexa do jogo: a criação de oportunidades de golo. Contra um adversário creditado como difícil o Sporting criou 11 - 11! - oportunidades, o que é extraordinário; não converteu nenhuma, o que é assombroso. Aquela depende do treino colectivo, esta prende-se com o treino individual. Há qualquer coisa que está a falhar muito no Sporting.

Quente & frio

 

Gostei muito de ver o estádio Magalhães Pessoa, em Leiria, cheio de adeptos leoninos. A esmagadora maioria dos 18.500 espectadores, que preencheram mais de 90% das bancadas, puxou pela nossa equipa na meia-final da Taça da Liga, contra o Braga. De falta de apoio nenhum dos nossos jogadores pôde queixar-se.

 

Gostei da exibição do Sporting durante mais de 60 minutos. Realço os desempenhos de Nuno Santos (para mim o melhor em campo), Eduardo Quaresma, Morten e Pedro Gonçalves. Além de um par de defesas consecutivas de Israel, aos 75', impedindo golos de Victor Gómez e Ricardo Horta. No golo solitário que sofremos, marcado por Abel Ruiz aos 65', o jovem guarda-redes uruguaio não podia fazer nada.

 

Gostei pouco de ver Gyökeres manietado durante quase todo o jogo pela defesa braguista, sobretudo por Paulo Oliveira (antigo titular do Sporting), que quase não deu espaço ao sueco para desenvolver todo o seu futebol: sem Viktor a 100%, como é sabido, a nossa equipa não rende da mesma forma. E gostei muito pouco - quase nada - da exibição de Esgaio: incapaz de criar dinâmica ofensiva no corredor direito, incapaz de provocar desequilíbrios, no lance do golo do Braga falhou por completo a marcação a Ruiz, que estava há três meses sem facturar.

 

Não gostei do festival de esbanjamento que protagonizámos nesta meia-final. Com três bolas nos ferros e outras tantas que andaram perto. Aos 13', Pedro Gonçalves fez tremer a baliza adversária com um petardo disparado de 30 metros que embateu no poste. Aos 37', Nuno Santos acertou com estrondo na barra. Aos 45', novamente Nuno, com nota artística, remata de trivela fazendo a bola chocar no ferro. Aos 54', num dos raros momentos em que conseguiu libertar-se da marcação, Gyökeres levou a bola quase a beijar o mesmo poste esquerdo. Aos 59', após boa tabelinha com Trincão, Pedro Gonçalves, encaminha-a rente ao ferro oposto da baliza à guarda de Matheus. Aos 87', Trincão imitou-o. Demasiado desperdício para um jogo só. 

 

Não gostei nada desta derrota -- a nossa quarta da época, em 30 jogos disputados. Porque nos afasta da Taça da Liga, ficando assim um objectivo por cumprir. Porque foi a primeira partida em que não marcámos nesta temporada. E porque nos quebra uma dinâmica de vitórias: vínhamos de oito desafios seguidos a vencer, três dos quais com goleadas. Resta-nos recuperá-la já no próximo embate do campeonato, frente ao Casa Pia.

2023 em balanço (7)

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DERROTA DO ANO: 1-2 CONTRA O BENFICA NA LUZ

Aconteceu a 12 de Novembro. Esteve para ser noite de festa, terminou em noite de pesadelo. Na casa do nosso mais velho rival, cheia para apreciar um dos clássicos do ano. Partida com desfecho absolutamente decepcionante para nós.

Ao intervalo, vencíamos 1-0. Congelando as bancadas do estádio da Luz, onde já ferviam palavras de impaciência e até indignação contra o treinador Roger Schmidt. Autor do golo, o suspeito do costume: Viktor Gyökeres, imparável, fuzilou a baliza encarnada ao conseguir libertar-se do espartilho duplo de Otamendi e António Silva. Foi no final da primeira parte, o que nos abria felizes expectativas.

Também Edwards esteve em grande. «Primoroso passe para golo aos 33', isolando Pedro Gonçalves após neutralizar a defesa encarnada. E excelente passe vertical que lançou o internacional sueco para o primeiro golo da partida, aos 45», escrevi aqui nos apontamentos sobre o jogo, pouco depois do apito final.

Aos 52', ficámos reduzidos a dez. Por segundo amarelo exibido pelo árbitro Soares Dias a Gonçalo Inácio. O que forçou a saída de Edwards. Mas aguentámo-nos. Até ao descalabro do tempo extra, em que sofremos dois golos de rajada, aos 90'+4 e aos 90'+6.

Confesso não me lembrar de algo assim. No termo do tempo regulamentar, tínhamos mais 6 pontos virtuais do que o Benfica, reforçando a nossa liderança isolada do campeonato. Quando a partida terminou, estávamos em igualdade pontual - mas abaixo deles no critério do desempate. O SLB virou o resultado quando nas bancadas já esvoaçavam centenas de lenços brancos, acenando à despedida prematura do técnico alemão. 

Houve outros momentos maus em 2023, mas este foi o que mais me doeu. Ao ponto de ter desabafado deste modo na crónica do jogo: «Soçobrámos mesmo ao cair do pano. Foi traumático - ao nível daquele monumental falhanço de Bryan Ruiz a dois metros da baliza também frente ao Benfica, em Alvalade, que nos custou o campeonato de 2016.»

Não terei sido o único a pensar assim.

 

 

Derrota do ano em 2012: final da Taça de Portugal (20 de Maio)

Derrota do ano em 2013: 0-1 em casa contra o Paços de Ferreira (5 de Janeiro)

Derrota do ano em 2014: 3-4 contra o Schalke 04 em Gelsenkirchen (21 de Outubro)

Derrota do ano em 2015: 1-3 contra o CSKA em Moscovo (26 de Agosto)

Derrota do ano em 2016: 0-1 contra o Benfica em casa (5 de Março)

Derrota do ano em 2017: 1-3 contra o Belenenses em casa (7 de Maio)

Derrota do ano em 2018: final da Taça de Portugal (20 de Maio)

           Derrota do ano em 2019: Supertaça (4 de Agosto)

Derrota do ano em 2020: 1-4 contra o Lask Linz em casa (1 de Outubro)

Derrota do ano em 2021: 1-5 contra o Ajax em casa (15 de Setembro)

Derrota do ano em 2022: 1-4 contra o Marselha em França (4 de Outubro)

A jornada 13 não nos trouxe sorte alguma

V. Guimarães, 3 - Sporting, 2

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Rúben Amorim debaixo de chuva e com ar preocupado em Guimarães: tinha razões para isso

Foto Lusa

 

Segunda derrota do Sporting no campeonato nacional em curso. Tal como a anterior - quando deixámos perder os três pontos em três fatídicos minutos do tempo extra, de modo quase inacreditável - também nesta foram cometidos demasiados erros para fazermos de conta que não existiram.

O primeiro foi do treinador. Vem insistindo em Esgaio como titular quando é cada vez mais óbvio que este não é um jogador que mereça tal distinção. Rúben Amorim faz excessivas mudanças na defesa - neste caso só uma que se impunha pela ausência de Coates por castigo, mas as alterações voltaram a ser mais extensas. E - erro maior - potenciou um buraco enorme no nosso meio-campo quando mandou sair Morten, talvez com receio de o ver amarelado no próximo clássico com o FC Porto em Alvalade, trocando-o por Paulinho, sem capacidade de retenção da bola nem de conter o caudal ofensivo vitoriano.

Houve jogadores que erraram. Gonçalo Inácio perdeu duas vezes a bola em zona proibida. Matheus Reis é parco em cruzamentos e quando arrisca geralmente sai-se mal. Edwards perdeu todos os confrontos individuais. Trincão mal existiu. Adán - intranquilo, lento a reagir - teve fortes responsabilidades no terceiro golo sofrido. Aquele que nos custou a derrota no Estádio D. Afonso Henriques.

Em noite muito chuvosa, sábado passado. Mais para lembrar do que para esquecer.

 

Foi um desafio intenso, quase sem pausas, sem tempos mortos, sem antijogo, sem autocarros estacionados. As duas equipas queriam vencer.

No caso do Sporting, a vontade era tanta que o treinador fez tudo para sair de lá com um triunfo quando podia ter trabalhado para o empate que se registava ao minuto 77. Confirma-se que querer não é sinónimo de poder. Razão tem o povo naquele ditado: mais vale um pássaro na mão do que dois a voar.

Deixámos voar o pássaro. À beira do fim, aos 81', no tal lance em que Adán tremeu. Frente a um Vitória que soube dar sempre luta rija em campo, agora sob a liderança do técnico Álvaro Pacheco, com a sua inconfundível boina.

 

Péssimo na fotografia ficou João Pinheiro, absurdamente considerado "melhor árbitro português". Só se for na playstation: no futebol não é nem nunca o foi.

Voltou a lesar o Sporting no último lance do primeiro tempo ao assinalar um penálti contra nós que só ele viu, por hipotético derrube de Adán a Mangas. Nenhuma imagem o confirma, pelo contrário: o nosso guarda-redes fez tudo para evitar o contacto após uma saída algo atabalhoada. E o vimaranense já ia em queda no momento em que Pinheiro, certamente vítima de alucinação, terá visto a tal grande penalidade que não existiu.

Com esse golo os do Minho ganharam ânimo: ao intervalo havia empate a uma bola. No segundo tempo lutámos, mas sem dar a réplica devida à turma anfitriã. Que teve a sabedoria de secar o nosso maior trunfo: Gyökeres bem tentou, mas quase nada conseguiu fazer no encharcado relvado de Guimarães.

Bem melhor esteve Nuno Santos, lutador incansável enquanto esteve em campo, durante todo o segundo tempo. O nosso melhor Leão à chuva.

 

Em suma: estivemos a ganhar, concedemos o empate, acabámos por perder. Numa partida cheia de emoções fortes. Talvez demasiado fortes para nós.

Para já, continuamos no comando da Liga 2023/2024. Mas valha a verdade: esta jornada 13 não nos trouxe sorte alguma. Melhores dias virão.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Sofreu três golos, mas só teve culpa evidente num - precisamente aquele que nos fez sair sem qualquer ponto de Guimarães. Grandes defesas aos 73' e aos 88': aqui esteve muito bem.

Esgaio - Surpreendente central pela direita, permitindo adiantar Geny. Esteve longe de render assim. Aos 12' escapou por um triz ao amarelo. Aos 17' foi mesmo amarelado. Saiu ao intervalo.

Diomande - O melhor do reduto defensivo. Também o mais jovem, confirmando ser mesmo reforço. Fez de Coates, no centro da defesa. Protagonizando bons cortes e desarmes impecáveis.

Gonçalo Inácio - Quebrou jejum: marcou o primeiro golo da época, de pé direito (41'). Culminando bom lance colectivo de ataque. Pior lá atrás: perdeu a bola em dois golos sofridos.

Geny - Ala titular pela direita, não conseguiu articular-se com um Edwards quase eclipsado. Evidenciou-se em alguns lances individuais. É ele a iniciar a jogada do nosso segundo golo.

Morten - Boa exibição como médio posicional, formando duplo pivô com Morita. Eficaz para tolher movimentos dos adversários no corredor central. Inexplicável, a sua saída aos 61'.

Morita - Esteve no melhor e no pior. É ele quem disputa a bola que sobra para Gonçalo no golo 1. É ele também quem a desvia, de modo infeliz, no segundo golo do Vitória (73').

Matheus Reis - Muito contido nas manobras de ruptura no corredor esquerdo, que lhe foi confiado. Desgastou-se no confronto com Jota Silva nessa ala. Perdendo alguns duelos decisivos.

Edwards - Tão depressa se mostra em grande nível, cotando-se como melhor em campo, como desaparece por completo, incapaz de vencer um duelo. Foi este segundo Edwards a ir ao Minho.

Pedro Gonçalves - Um dos melhores em jogo ingrato: voltou a fazer mais de uma posição, o que o desfavorece. Lá na frente, quase marcou aos 8', inicia o primeiro golo e assiste no segundo.

Gyökeres - Tentou, mas desta vez sem conseguir. Neutralizado pelo croata Borevkovic (atenção, Hugo Viana!). Falhou duas finalizações: aos 57' (servido por Geny) e aos 61' (por Nuno Santos).

Nuno Santos - Melhor leão em campo. Substituiu Esgaio: fez todo o segundo tempo. Marcou o segundo num grande remate (77'). Construiu golos falhados por Gyökeres (61') e Trincão (71').

Paulinho - Amorim tomou decisão difícil de entender aos 61', quando retirou Morten e mandou entrar o avançado. Criou uma cratera no meio-campo sem compensar na qualidade ofensiva.

Trincão - Em campo desde o minuto 61', por troca com Edwards. Se um nada fez, o outro também praticamente não existiu. Desperdiçou soberana ocasião de golo (71'), depois sumiu-se.

Já se pode dizer mal?

Para início de conversa, acho que hoje jogámos bem.

No entanto não merecemos ganhar.

Sofremos o primeiro golo de penalti, num lance em que nem falta houve.

Sofremos o terceiro num frango dos antigos, com miúdos, penas e tudo.

Perdemos porque mais uma vez o treinador não soube ler o jogo, o que começa a ser frequente e com saldo claramente negativo. Digam-me por favor o que veio acrescentar ao jogo o Trincão. Digam-me porque saiu Hjulmand e ficou Pedro Gonçalves em campo. Será que rapidamente às necessidades constatadas para Janeiro, finalmente se pensará num GR decente? Ah, mas salvou um golo, dir-me-ão. Porra, já perdíamos, um a mais ou a menos...

Depois o Inácio. Sim, marcou e depois? Ofereceu o seu flanco aos de Guimarães várias vezes e pelo seu contributo negativo a coisa poderia ter sido bem pior.

Isto não invalida o que atrás escrevi, jogámos o suficiente para ganhar, perdemos nos "pormaiores".

Há jogadores que não estão a render o que valem, caso gritante de Pedro Gonçalves e de há uns poucos jogos para cá, Morita; Inácio que anda completamente fora dela, Edwards que é uma espécie de interruptor, ora acende, ora apaga, conjugando grandes jogos com exibições completamente apagadas como a de hoje.

Em resumo, a equipa não esteve mal no seu todo, mas houve gente que esteve longe de Guimarães.

Creio que é imperioso contratar um guarda-redes.

Está tudo perdido? Longe disso, há muito campeonato e o treinador tem competência suficiente para dar a volta ao texto e o grupo, com dois ou três acrescentos, terá capacidade para chegar na frente em Maio.

Porque eles têm qualidade e porque o que não nos falta por aqui é FÉ.

Rescaldo do jogo de hoje

 

Não gostei

 

De perder. Há cinco anos que o V. Guimarães não vencia uma equipa grande no campeonato português. Interrompeu hoje o jejum derrotando o Sporting por 3-2 no seu estádio, perante mais de 20 mil espectadores. Com 1-1 ao intervalo, num desafio desenrolado sempre debaixo de chuva. Custou ainda mais porque estivemos a vencer, com um golo aos 41'. Mas a vantagem durou escassos minutos, só até aos 45'+7. No segundo tempo a turma minhota marcou aos 73' e aos 80'. Nós ainda reduzimos aos 77', mas fomos incapazes de segurar ao menos o empate. Segunda derrota leonina nesta Liga 2023/2024. São jogos destes que podem custar a perda de campeonatos.

 

De Gonçalo Inácio. É certo que foi do central esquerdino o nosso golo inaugural, em lance corrido: estreou-se como artilheiro nesta temporada marcando não de cabeça mas com o pé, ainda por cima o direito. Mas a jogada que culmina no penálti (e consequente golo do Vitória) começa com uma perda de bola dele, o mesmo sucedendo no lance do segundo que sofremos. E no terceiro peca por notória falha de marcação em zona que lhe competia vigiar. Anda há várias jornadas muito abaixo do nível a que nos habituou.

 

De Esgaio. Rúben Amorim apostou nele como central à direita, num sistema híbrido em que se desdobrava como lateral desenhando-se uma linha de quatro defensores. Pouco rotinado nesta manobra, e sem um ala pronto a ir-lhe às dobras, claudicou logo nos primeiros embates. Foi poupado ao cartão numa falta que lhe podia ter valido o amarelo aos 12', mas a sua falta de pedalada era óbvia. Cinco minutos depois, volta a travar o adversário com imprudência: amarelado, jogou condicionado a partir daí. Já não regressou do intervalo, sem deixar saudades.

 

De Adán. Em estrito rigor, só parece ter responsabilidade num dos golos. No primeiro, é castigado por penálti que não cometeu. No segundo, foi traído por um involuntário desvio da bola em Morita. Mas no terceiro - o que nos custou a derrota - foi mal batido por Dani Silva, que remata com pouco espaço: o guardião espanhol, hoje capitão da equipa, nem o ângulo cobriu. Valha a verdade que protagonizou duas grandes defesas (73' e 88'), mas voltou a aparentar intranquilidade, contagiando os colegas. E continua incapaz de defender um penálti. 

 

De Trincão. Perdeu o estatuto de titular, mas ao que parece nem para suplente vai servindo. Entrou aos 61', com o jogo ainda empatado 1-1: Amorim apostou nele como criativo para romper a muralha vitoriana, algo que Edwards tinha sido incapaz de fazer enquanto Gyökeres permanecia manietado pelos centrais. O ex-Braga foi incapaz de corresponder: presa fácil da turma adversária, sem conseguir ligação com os colegas, voltando a abusar do individualismo. Muito bem servido por Nuno Santos, aos 71', permitiu a defesa de Bruno Varela - o melhor do Vitória - tal como já tinha acontecido com Pedro Gonçalves aos 8'. Falhada esta finalização, voltou a desaparecer: mal se deu por ele. 

 

De Paulinho. É mais fácil marcar três ao Dumiense, último classificado do quarto escalão do futebol português, do que criar um só lance de perigo frente à equipa que segue em quinto na Liga 1. Em campo desde o minuto 61', substituindo Morten, mal rondou a baliza e nem chegou a estar perto do golo. Mais de meia hora de inútil presença em campo, o que não constitui novidade. Amorim abdicou do melhor médio de contenção sem ganhar eficácia na linha avançada. O Sporting ficou mais exposto ao contra-ataque, facilitando a tarefa à equipa orientada por Álvaro Pacheco.

 

Da ausência de Coates. Afastado deste embate em Guimarães por cumprir castigo, devido à acumulação de amarelos, o internacional uruguaio fez falta. Mesmo lento, algo pesado e um pouco preso de movimentos, continua a ser o patrão indiscutível da defesa leonina. Não restam dúvidas: a equipa fica mais frágil sem ele. 

 

Do penálti inexistente. O árbitro João Pinheiro, sem surpresa, teve influência no resultado. Ao assinalar uma grande penalidade que só ele parece ter visto. Adán, saindo algo inseguro dos postes aos 45'+3, fez uma travagem brusca, ajoelhando para evitar o choque com o portador da bola, Mangas, aliás já em queda não provocada. Nenhuma imagem confirma que tenha havido contacto físico entre os jogadores. Momentos antes haviam sido lançadas tochas para o relvado e permanecia ali muito fumo, dificultando a visão de todos. O VAR Hugo Miguel devia ter sugerido a Pinheiro, pelo menos, que observasse as imagens no monitor. Mas nem isso aconteceu. Assim nasceu a grande penalidade que permitiu ao Vitória empatar no último lance da primeira parte. Sem ter criado verdadeiramente uma situação de golo iminente até esse momento.

 

Daquele desespero final. Últimos dez minutos de pressão contínua mas desordenada e muito caótica da nossa equipa contra a baliza vimaranense, mais com o coração do que com a cabeça, parecendo obedecer ao "sistema táctico" tudo ao molho e fé em Deus. Com estrelinha, talvez resultasse. Mas - talvez por causa da chuva intensa - desta vez ela andou ausente. E, valha a verdade, o Vitória foi sempre uma equipa bem arrumada, bem organizada, tenaz e batalhadora. Com elementos em grande nível, como Varela, Händel, André Silva e Tomás Silva. Num jogo que não merecíamos ganhar.

 

De termos perdido a vantagem. Deixámos de estar isolados no topo do campeonato e fomos incapazes de ampliar a distância face ao Benfica, que empatou em casa com o Farense. Os encarnados estão agora um ponto atrás de nós, o Braga com menos dois e o FCP igualou-nos na pontuação ao vencer o Casa Pia no Dragão por 3-1, resultado insuficiente para nos destronar do comando. Um triunfo em Guimarães deixar-nos-ia com mais quatro do que o SLB e três acima dos portistas imediatamente antes do clássico. Parecemos optar sempre pela via mais difícil.

 

 

Gostei

 

De Diomande. Com Coates ausente, fez ele de patrão da nossa defesa. E cumpriu no essencial, embora não isento de reparos. Perante um Esgaio longe de cumprir os mínimos e um Gonçalo que tem fases de inexplicável desconcentração, foi ele - sendo o mais novo dos centrais - a fazer de adulto naquela zona do terreno. Desarmes perfeitos aos 23' e aos 34'. Grandes cortes aos 63' e aos 70'. Ganhou praticamente todos os duelos neste duro e difícil confronto em Guimarães.

 

De Nuno Santos. Voto nele como o nosso melhor em campo. Não apenas pelo golo que marcou, com assistência de Pedro Gonçalves, mas sobretudo por ter dado sempre mostras de ser o mais inconformado do onze leonino. Fez tudo para empurrar a equipa para a frente, com fibra de lutador. Se há jogador que não merecia esta derrota, é ele.

 

De podermos defrontar o FC Porto sem jogadores castigados. Coates "limpou" os cartões neste V. Guimarães-Sporting. E os três colegas que estavam à bica, quase tapados com amarelos, não foram admoestados por João Pinheiro. Edwards, Morten e Gonçalo Inácio poderão assim integrar o onze titular que defrontará a turma portista em Alvalade no próximo dia 18.

Pedro Nuno, santo

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Rúben Amorim, pecador.

Há quem divida o mundo assim, os santos e os pecadores, os bons e os maus, os culpados e os inocentes, os vencedores e os perdedores.

Pedro, o vencedor.

Rúben, o perdedor.

Ontem, Pedro Nuno, venceu mas pode perder o próximo jogo, no último jogo, Rúben Filipe, perdeu mas pode vencer hoje.

No desporto, como na vida, umas vezes vencemos, outras perdemos.

Hoje é dia de futebol, ontem foi dia de uma grande vitória no basquetebol, tivemos muito mérito, tivemos a "sorte" do jogo. Todos de parabéns os atletas do Sporting, os do Benfica, a equipa de arbitragem e os treinadores de ambas as equipas.

Excelente jogo.

Estofo mental

As falhas no Benfica-Sporting foram nossas, nada adianta apontarmos sempre o dedo acusador noutras direcções. Esta cultura de falta de exigência custou-nos um monumental jejum de títulos: apenas três nos últimos 40 anos.

Não contribuo para isso, de modo algum.

Gonçalo Inácio teve um desempenho decepcionante no clássico. Claudicou do ponto de vista psicológico. Como é que um jogador que sonha actuar sem demora na Premier League não tem estofo mental para enfrentar uma deslocação à Luz?

Aconselho-o a ficar por cá mais um par de anos. Melhor para ele.

Nem nos distritais

Não pode - nunca mais - voltar a acontecer o que na noite de domingo aconteceu no estádio do SLB: a meio do tempo extra, aos 90'+3, ganhávamos o jogo; perdemos esse desafio por termos permitido que o Benfica marcasse dois golos nos três minutos que restavam.

Algo impensável.

Absolutamente intolerável.

Nem numa equipa dos distritais isto se compreende.

De nada adianta virem agora alguns adeptos, como sempre, entoar a ladainha da Vasta Conspiração Universal Contra o Sporting.

Tenham lá paciência, mas a culpa é toda nossa. Sem paliativos de espécie alguma.

Balde de água gelada no inferno da Luz

Benfica, 2 - Sporting, 1

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Edwards, o maior desequilibrador do Sporting, conduz lance de ataque: não merecia esta derrota

Foto: Tiago Petinga

 

Que balde de água gelada. Que decepção tão profunda. Tivemos o pássaro na mão, controlámos a partida durante o tempo quase todo, mesmo com um jogador a menos, e vimos três pontos voar nos últimos quatro minutos, já na segunda metade do tempo extra. 

Dificilmente esqueceremos este dérbi de anteontem, disputado no Estádio da Luz. Chegámos ao intervalo a vencer 1-0, com um golaço de Gyökeres marcado no último lance desse primeiro tempo. Nesse minuto 45, dezenas de milhares de adeptos benfiquistas assobiavam a equipa, vaiavam o treinador e preparavam uma onda de lenços brancos a esvoaçar nas bancadas, exigindo a demissão de Roger Schmidt.

Soçobrámos mesmo ao cair do pano. Foi traumático - ao nível daquele monumental falhanço de Bryan Ruiz a dois metros da baliza também frente ao Benfica, em Alvalade, que nos custou o campeonato de 2016. 

 

Este jogo - o clássico dos clássicos do futebol português - começou com alguns erros da nossa equipa, que rapidamente equilibrou as forças. E ficou por cima. Com duas grandes hipóteses de golo, por Diomande e Pedro Gonçalves. Chegámos ao intervalo não só a vencer: também com melhor exibição do que o velho rival.

Tudo parecia correr bem. Mas temos uma vocação inata para darmos tiros nos pés quando o cenário é mais favorável. Desta vez começou com uma desconcentração de Gonçalo Inácio, que ao minuto 49 - sem qualquer necessidade, longe da baliza - provocou falta passível de amarelo. O problema é que, desde os 22', já tinha outro cartão desta cor. O árbitro Artur Soares Dias mostrou-lhe o vermelho. Ficámos a jogar só com dez desde o minuto 52.

Mesmo assim, fomos superiores. Controlámos o jogo, anulámos a desvantagem numérica, nem parecia que tínhamos um a menos. Lá na frente, Gyökeres trabalhava por dois. No meio-campo, Morten e Morita travavam as investidas encarnadas.

Quando o árbitro concedeu seis minutos de compensação, a massa adepta benfiquista fervilhava de indignação contra o técnico e vários jogadores, brindando-os com insultos.

 

Estranhamente, foi então que naufragámos. Termos um a menos não explica tudo, não explica isto.

Houve substituições inexplicáveis. Edwards, o mais criativo e desequilibrador, recebeu ordem de saída aos 57' para entrar St. Juste - não haveria outro jogador, menos influente, a retirar de campo? Aos 73', Rúben Amorim decide trocar Pedro Gonçalves por Trincão. Matheus Reis, visivelmente esgotado, teve de ceder lugar a Nuno Santos.

A mudança mais incompreensível aconteceu aos 85', quando o técnico leonino mandou sair Morita e fez entrar Paulinho. Não dava mesmo para entender. Sobretudo porque precisávamos de defender aquela magra vantagem e Daniel Bragança estava sentado no banco de suplentes, de onde não saiu.

 

E veio o descalabro. Quando já se dobrara metade do tempo extra, João Neves - o melhor do SLB - apareceu solto, livre de marcação, a 11 metros da nossa baliza. Teve tempo para tudo: num pontapé rasteiro, de ressaca, meteu-a lá dentro. Aos 90'+4.

Do mal, o menos: o empate ainda nos servia. Deixaria a classificação na mesma, mantendo o Sporting no comando com três pontos de vantagem sobre a equipa adversária.

Só era necessário conservar a bola em nossa posse, trocando-a, durante cerca de dois minutos. Se fosse necessário, praticava-se algum antijogo: nenhum sportinguista levaria a mal.

Mas nem isso conseguimos: aos 90'+7, deixámos via aberta para o Benfica virar o resultado. Passando de equipa derrotada, com seis pontos de atraso, para vencedora, estando agora no comando do campeonato - em igualdade pontual com o Sporting, mas com vantagem em golos.

 

Claro que nos faltou frescura física nessa fase crucial do jogo. Mas faltou sobretudo mentalidade competitiva.

Faltou espírito de sacrifício. Faltou competência. 

Até porque alguns dos elementos que mais erraram ou nada adiantaram, nesses fatídicos minutos finais, tinham saltado do banco minutos antes. Estavam frescos. Refiro-me a Nuno Santos, St. Juste, Paulinho e Trincão. Incapacidade total para fechar linhas de passe do Benfica. Incapacidade para marcar com eficácia nas bolas paradas. Incapacidade de comando em campo: ninguém coordenou as manobras, era cada um por si. 

Foi a nossa primeira derrota neste campeonato: desde Fevereiro que não perdíamos em competições nacionais. Mas foi também uma derrota muito amarga. E não vale a pena atirar as culpas para cima da equipa de arbitragem: os dois lances cruciais que oferecemos de bandeja ao Benfica não são dignos de uma equipa que sonha ser campeã nacional.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Monumental defesa em voo, aos 78', desviando um míssil disparado por Di María. Aos 12', tinha visto Rafa rematar ao ferro. Sem culpa nos golos sofridos.

Diomande - Travou duelos difíceis com Rafa. Arriscou penálti ao pisar Musa (9'). Criou a primeira oportunidade de golo num grande cabeceamento aos 30', para defesa apertada de Trubin.

Coates - Condicionado por ter visto amarelo logo aos 15', não se atemorizou. Fez valer a experiência em cortes precisosos, aos 55' e 61'. Não merecia aquele descalabro defensivo final.

Gonçalo Inácio - Duas vezes amarelado, por faltas desnecessárias (22' e 52'). Na primeira (pisão a João Neves) arriscou ver o vermelho. Já sem ele, jogámos mais de 40' só com dez. Para esquecer.

Esgaio - Esforçado mas sem grande rasgo, contribuiu para anular João Mário. Teve mais dificuldade em travar Guedes, a partir dos 85'. Défice no plano ofensivo, sem surpresa.

Morten - Pendular, organizador de jogo, distinguiu-se nas recuperações. Soube controlar e pausar o ritmo da equipa. Não está isento de culpa, também ele, no naufrágio à beira do fim.

Morita - Regressou de uma lesão, ainda com índices físicos aquém do desejável. Enquanto teve pulmão, cumpriu no essencial. Venceu duelos com Florentino. Saiu esgotado (85').

Matheus Reis - Cumpriu sobretudo no plano defensivo, com rigor e acerto nas marcações, neutralizando Di María. Substituido por Nuno Santos aos 73': saiu esgotado e magoado.

Edwards - Fez belo passe para golo que Pedro Gonçalves desperdiçou. Assiste no golo de Gyökeres. Injustamente amarelado aos 56' por simulação inexistente. Saiu logo a seguir.

Pedro Gonçalves - Soube a pouco. Não foi o desequilibrador que a equipa exigia, também por ter actuado em zonas mais recuadas. Desperdiçou um golo cantado aos 33'. Saiu aos 73'.

Gyökeres - O melhor Leão. Levou o Sporting para o intervalo em vantagem com um tiro do seu pé-canhão (o direito) sem defesa possível. Deu imenso trabalho a Otamendi e António Silva.

St. Juste - Rendeu Edwards (57') para compensar a expulsão de Gonçalo. Não se deu bem como central à esquerda. Cortes aos 67' e 69'. Mas falhou intercepção no segundo golo encarnado.

Nuno Santos - Substituiu Matheus Reis, sem vantagem para a equipa. Passivo no primeiro golo, deixou João Neves mover-se à vontade. No segundo, estendeu a passadeira no seu corredor.

Trincão - Entrou para o lugar de Pedro Gonçalves (73'). O melhor que conseguiu foi uma rosca lá na frente, fazendo a bola sair ao lado. Incapaz de segurar a bola nos minutos finais.

Paulinho - Saiu Morita, entrou ele. Aos 85'. Sem que ninguém compreendesse porquê. Andou engolido no meio-campo, incapaz de ganhar um lance aéreo. Atrapalhou mais do que ajudou.

Rescaldo do jogo de ontem

 

Não gostei

 

De perder o clássico na Luz (2-1). Derrota mesmo ao cair do pano, com dois golos sofridos, aos 90'+4 e aos 90'+6. Um pesadelo em casa do nosso velho rival: no tempo regulamentar de jogo tínhamos mais 6 pontos do que o Benfica. Agora estamos em igualdade pontual.

 

De termos jogado com menos um durante mais de 40'. Gonçalo Inácio viu dois amarelos exibidos pelo árbitro Artur Soares Dias: o primeiro logo aos 22', o segundo aos 52'. O que lhe valeu o vernelho por acumulação de cartões ter-se-á devido a uma entrada intempestiva, à queima, mas as imagens não confirmam se chegou realmente a tocar em Rafa. De qualquer modo, se algum factor, do nosso lado, contribuiu para esta derrota tangencial na Luz foi sem dúvida este. Disputar um clássico de alta voltagem e com grande intensidade com apenas dez em campo conduz à exaustão física, potenciando um resultado negativo - que, mesmo assim, estivemos a escassos minutos de evitar. Após termos sido melhores enquanto jogámos onze contra onze.

 

De Gonçalo Inácio. Nervoso, intranquilo, desconcentrado, imprudente. Não jogará a próxima partida, o que lhe faz bem: precisa de uma cura de banco. Espera-se que aproveite este período fora do onze para reflectir sobre a quebra anímica que por vezes o afecta em confrontos especiais. Voltou a acontecer, na partida de ontem. Penalizando toda a equipa.

 

Da lesão de Geny. Infelizmente, o internacional moçambicano continua lesionado. Se estivesse em boa condição física, seria ele o titular da nossa ala direita. É muito mais dinâmico e acutilante do que Esgaio, incapaz de fazer cruzamentos bem medidos, hesitante e sempre tímido na manobra atacante. Não admira que o Benfica tenha conduzido a grande maioria dos seus ataques pelo corredor esquerdo - era ali que estava o nosso principal ponto fraco.

 

Da saída de Matheus Reis, magoado. Boa actuação do brasileiro, ontem titular no clássico: praticamente anulou Di María, sem temer o campeão mundial argentino. Infelizmente, por jogarmos em inferioridade numérica, foi ele um dos que mais acusaram desgaste fisico, acabando por ser substituído aos 73'. Nuno Santos, que o rendeu, teve desempenho muito inferior: deixou João Neves movimentar-se à vontade, sem marcação, no lance do primeiro golo encarnado. No segundo, andou desaparecido. Defender com os olhos não basta.

 

Das oportunidades não concretizadas. Com destaque para um cabeceamento de Diomande aos 30' que levava selo de golo e de um remate de Pedro Gonçalves aos 33' só com Trubin pela frente. Em ambos os casos, o guarda-redes ucraniano impediu que marcássemos.

 

De Rúben Amorim. Com dois dos três centrais amarelados (Coates também tinha visto cartão, logo aos 15'), o treinador hesitou em fazer a substituição em tempo útil. Devia tê-lo feito, até porque contava com St. Juste no banco. O holandês acabou por entrar, mas só aos 57', quando já estávamos com um a menos. Também pouco compreensível a troca de Morita por Paulinho aos 85', quando precisávamos de reforçar o meio-campo e não a linha avançada - havia Daniel Bragança, mas nem chegou a calçar. Enfim, nem estrelinha nem sabedoria no momento de mudar.

 

De termos sofrido a primeira derrota em jogos nacionais em nove meses. A última tinha sido em Fevereiro, contra o FC Porto. Terminou um ciclo de 24 desafios sem perder.

 

De termos desperdiçado a liderança da Liga 2023/2024. À 11.ª jornada, após cinco rondas no comando, mantemos os 28 pontos (cinco perdidos, nas deslocações a Braga e à Luz), agora em igualdade pontual com o SLB, mas em desvantagem no confronto directo. E com mais três do que o FCP. Mas estamos na luta. Com igual número de golos marcados e apenas mais dois sofridos do que o Benfica. Ainda há ainda muito campeonato por disputar.

 

Da falta de condições de segurança. Durante todo o jogo, foram sendo rebentados petardos no estádio. Nos minutos finais, registou-se uma autêntiva invasão de campo, com os adeptos do SLB a pisarem o relvado perante a total impotência dos assistentes de recinto desportivo. Qualquer semelhança entre um cenário destes e o Terceiro Mundo não é pura coincidência.

 

 

Gostei

 

De Gyökeres. Voltou a ser o melhor Leão em campo. Voltou a fazer o gosto ao pé. Mesmo muito marcado (por António Silva e Otamendi) destacou-se, na primeira oportunidade de que dispôs, ao marcar um golaço. Aos 45', no último lance da primeira parte, que nos abria as melhores expectativas para o segundo tempo. 

 

De Edwards. Uma vez mais, foi ele o nosso maior desequilibrador. Primoroso passe para golo aos 33', isolando Pedro Gonçalves após neutralizar a defesa encarnada. E excelente passe vertical que lançou o internacional sueco para o primeiro golo da partida, aos 45'. Fixando o resultado ao intervalo. Já com a nossa equipa reduzida a dez, foi sacrificado aos 57' (saiu para a entrada de St. Juste). Fez-nos falta, com a sua evidente capacidade de criar lances de ruptura. 

 

Do nosso desempenho colectivo até aos 90'+4. Ao terminar o tempo regulamentar, quando no estádio da Luz já havia sonoros assobios ao treinador alemão e a vários jogadores (João Mário foi alvo de uma vaia monstruosa, ao ser substituído no minuto 85) e começavam a ver-se lenços brancos nas bancadas, o onze leonino - reduzido a dez - demonstrava ser equipa unida, compacta e solidária. Tudo se desmoronou nos instantes finais, desta vez sem qualquer estrelinha: o segundo golo do SLB é validado por escassos 4 cm pelo VAR. 

Uma questão de mentalidade

A ganhar em casa do adversário aos noventa minutos, perder o jogo só nos acontece a nós. Sofrer dois golos nos descontos de seis minutos, é sintoma de uma falta de mentalidade gritante e até de falta de visão do treinador.

Não lembra ao diabo meter o Nuno Santos, que não defende, ou o Trincão, que fez uma falta que deu origem ao golo do empate, no local onde deveria estar Esgaio e quando se deveria estar a defender o resultado. A ganhar por um golo, acabámos o jogo com um grupo com pendor atacante, uma espécie de 3x4x2 como se estivéssemos a perder. Má leitura de jogo, na minha opinião.

Mas e há sempre um mas, provavelmente não me estaria a lamentar desta derrota, se Artur Soares Dias, que hoje apareceu em modo "deixa jogar", não tivesse mandado Inácio para o balneário mais cedo. Há imagens que mostram claramente que o nosso defesa não toca no pantomineiro do Rafa, useiro e vezeiro em fitas que deveria ser sobejamente conhecido por isso mesmo. O amarelo deu em expulsão, mas recorde-se que o VAR não tem intervenção nos amarelos, logo a responsabilidade do "erro" é exclusivamente do pasteleiro.

A falta de mentalidade vê-se nos pequenos pormenores. O golo do empate é marcado com o jogador do Benfica só, à vontade, no centro da área. Sintomático.

Não merecíamos perder, fomos prejudicados pelo árbitro claramente, mas temos também culpas no cartório.

Apenas um pequeno recado a quem decide: Vejam lá se em Janeiro sempre vem alguém para a direita que saiba fazer um passe e, na loucura, um cruzamento de jeito. E já agora, que diga alguma coisa sobre o lance crucial do jogo ainda hoje ou amanhã logo p'la fresquinha, já chega de comer e calar.

E novidades?

Ontem tivemos mais uma gloriosa jornada europeia de dois clubes portugueses. Esperemos que pelo nosso lado, Sporting, não se verifique mais uma apenas com derrotas, que ainda faltam jogar os nossos rapazes amanhã e o Porto hoje.

Isto é o reflexo da pobreza franciscana do futebol entre portas, com o favorecimento constante dos mesmos do costume, Porto e Benfica à cabeça. Não deixam os chamados pequenos crescer e depois queixam-se que não têm opositores internos à altura e o blá, blá do costume de quem é mau pagador.

Neste interim vai-se safando a selecção, porque é constituída maioritariamente por jogadores que jogam nos campeonatos de topo e por um velhote que ainda ontem fez mais dois belos golos para a sua conta pessoal.

Distribuam lá os direitos televisivos como em Inglaterra e preocupem-se em defender uma "indústria" que lhes dá de comer, caso contrário em meia-dúzia de anos estarão na cauda da Europa também no jogo da bola.

 Enquanto continuarem a olhar apenas para o seu umbigo, os dirigentes dos clubes e dos órgãos que regem o ludopédio luso, arriscam-se a ser os seus próprios coveiros.

E à boa maneira tuga, um dia hão-de ir para o Panteão!

Desaire após desaire após desaire

Sporting, 1 - FC Porto, 2

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Paulinho: nulidade contra o FC Porto no clássico de Alvalade

Foto: António Pedro Santos / Lusa

 

Não adianta iludir os factos, nem desviar a conversa nem arranjar focos de distracção em óbvia estratégia de contenção de danos: o Sporting está numa das suas piores épocas de sempre. Afastado da Taça de Portugal, logo ao primeiro embate, por uma equipa do terceiro escalão. Taça da Liga perdida contra o FC Porto. Título de campeão tornado inalcançável ainda antes de termos chegado ao fim da primeira volta. E agora, com enorme probabilidade, dissemos adeus à hipótese, que já era remota, de atingirmos um lugar de acesso directo à próxima Liga dos Campeões.

Até o terceiro posto na Liga está cada vez distante.

Só podemos queixar-nos de nós próprios. Nem da conjunção astral, nem de árbitros, nem de jornalistas ou comentadores, nem da vasta conspiração global contra as nossas cores. Tenham lá paciência: a culpa é toda nossa.

 

Voltou a acontecer no confronto de anteontem, quando recebemos o FC Porto. Queríamos vingar a pesada derrota no Dragão, por 0-3, ocorrida no início da primeira volta. Não só tal desígnio ficou por alcançar como voltámos a sair derrotados, desta vez em nossa casa, com quase 40 mil espectadores nas bancadas. Quase nenhum aguentou até ao fim: houve debandada geral antes do apito derradeiro, tão grande era a frustração. Cada vez é mais notório o divórcio entre a massa adepta e a equipa - incluindo a equipa técnica, liderada por Rúben Amorim.

E no entanto o jogo nem começou mal para nós. Fomos superiores na primeira parte, em que criámos quatro oportunidades de golo - duas por Edwards, uma por Chermiti, outra desperdiçada por Trincão frente ao guarda-redes. Diogo Costa, na defesa da noite, impediu em voo entre os postes que o nosso craque inglês marcasse um soberbo golo de livre directo. 

Ponto mais positivo? A inclusão de Chermiti: aos 18 anos começa a dar nas vistas. Voltou a marcar, pelo segundo jogo seguido: leva dois golos e uma assistência em apenas três partidas. Se outros fossem como ele, não andávamos tão mal.

Aposta ganha, aqui sim: foi o melhor dos nossos. Nota positiva também para o lateral direito Bellerín e o central Diomande, os mais recentes reforços. Ambos estreantes em Alvalade, o primeiro já como titular.

 

Mas foi só. Como tantas vezes tem acontecido, a equipa regressou irreconhecível do intervalo. Cedeu terreno, caiu estrondosamente em termos anímicos, foi vítima da desarrumação táctica imposta pelo treinador. Amorim teima em pôr o nosso homem-golo, Pedro Gonçalves, na linha média. Insiste com Gonçalo Inácio para jogar de pés trocados. Tão depressa deixa Fatawu fora da convocatória como o chama para titular contra o campeão nacional - numa espécie de alucinada montanha russa cujo fim mal se descortina.

Tomou decisões ainda mais incompreensíveis na partida de anteontem, chamando sucessivamente três jogadores para ocuparem o lugar deixado vago por Pedro Porro, agora na Premier League: um deles, Esgaio, entrou e não tardou a sair, sem que se percebesse porquê. A inclusão de Trincão no onze roçou o absurdo, sobretudo porque se apressou a retirá-lo também: parece que o jogador se queixava de "amigladite". E a troca deste por um Paulinho incapaz de cumprir os mínimos deixou-nos em definitivo só com dez em campo. Ao ponto de nos interrogarmos por que raio o departamento jurídico leonino interpôs uma providência cautelar para adiar o terceiro jogo de castigo do ex-Braga. Mais valia terem ficado quietos.

 

Ponto da situação à 20.ª jornada, agora cumprida? Péssimo para nós.

Levamos 33 pontos de atraso face aos três da frente, distribuídos desta forma: menos 15 do que o Benfica, menos dez do que o FC Porto e menos oito do que o Braga. Consequência de seis derrotas até ao momento na Liga. Onze no total da época.

Quase pior que isto, continuamos incapazes de vencer a turma portista: quinta derrota consecutiva frente aos comandados por Sérgio Conceição. Só na época em curso, esta foi a terceira. Balanço muito negativo: sete golos sofridos, apenas um marcado.

Houve quem estranhasse a debandada final, quando perdíamos por 0-2 e Chermiti ainda não tinha conseguido reduzir, confirmando ser o nosso melhor em campo. Estranho seria se essa debandada não acontecesse. É um sinal, pelo menos, de que ainda existe capacidade de reacção neste clube.

Se não acontece no relvado, ao menos que suceda fora dele. Como foi o caso.

 

Breve análise dos jogadores:

Adán - Sofreu dois golos, sem responsabilidade directa. Bons reflexos numa dupla defesa aos 9'. Fabuloso passe-assistência isolando Edwards aos 28'. Merecia ter sido golo.

Gonçalo Inácio - Alterna o bom com o sofrível. Desta vez pouco lhe correu bem. Deixou-se driblar no primeiro golo do FCP e falhou o confronto aéreo no segundo (90'+5). A vê-las passar.

Coates - O capitão, talvez por fadiga física acumulada, atravessa um momento de menor inspiração. Com reflexos mais lentos e escassa capacidade de comando. Demasiado discreto.

Matheus Reis - O mais inspirado dos três centrais - melhor no passe e na ousadia ofensiva. Excelente cruzamento aos 20', fechou bem aos 41', corte oportuno aos 47'. 

Bellerín - Deu boas indicações no corredor direito, embora não faça esquecer Porro. Arriscou pouco, mas quando o fez esteve seguro. Aos 23' ofereceu golo que Trincão desperdiçou.

Ugarte - Estancou grande parte do fluxo ofensivo portista no primeiro tempo, mesmo sem ter Morita a seu lado. Infeliz ao passar inadvertidamente a bola a Uribe no primeiro golo (60').

Pedro Gonçalves - Voltou a ser vítima da teimosa opção do treinador em fazê-lo recuar no terreno, retirando-o da linha de fogo. Isso teve reflexos no nosso jogo colectivo.

Fatawu - Aposta como titular, em vez de Nuno Santos, como ala esquerdo. Conseguiu causar desequilíbrios lá na frente, junto à linha, mas foi menos competente a defender.

Edwards - Protagonizou alguns dos melhores momentos do jogo. Fez a bola rasar o poste, assistiu Chermiti (41'), quase marcou de livre directo (45'+1), voltou a servir Chermiti (87').

Trincão - Parece um corpo estranho nesta equipa. Apático, triste, desinteressado, sem intensidade competitiva. Teve o golo nos pés (23'), mas optou por um passe ao guarda-redes.

Chermiti - O novo herói leonino. Marcou no fim (90'+7). Justa recompensa pelo seu labor na área portista. No primeiro tempo, Zaidu travou-lhe o golo. Aos 90' meteu-a lá dentro, mas fora-de-jogo. À terceira conseguiu.

Paulinho - Substituiu Trincão logo aos 34'. Mudança inútil: nada fez. Nem um remate, nem um passe a rasgar, nem uma desmarcação que ficasse na retina. Parecia estar a ver o jogo.

Nuno Santos - Actuou em toda a segunda parte, rendendo Fatawu. Anda longe da melhor forma, como ficou evidente neste clássico. Quase sempre incapaz de criar desequilíbrios.

Esgaio - Ninguém percebeu, provavelmente ele também não. Quase não chegou a suar a camisola: substituiu Bellerín aos 55', Amorim deu-lhe ordem de saída aos 71'. Entrou para quê?

Arthur - Desta vez à direita, foi ele a substituir Esgaio. A tempo de se mostrar um dos nossos melhores. Assistiu Chermiti no golo com um belo passe de ruptura. Merece aposta mais consistente.

Diomande - Substituiu Matheus Reis aos 71', ocupando a posição de central à direita. Com boa estampa física, revela capacidade técnica e robustez anímica.

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