Prémio Camões 2018…
… foi ontem atribuído ao escritor cabo-verdiano Germano de Almeida.
No seu título de estreia, O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo, podemos ler:
«(…)
Finalmente chegou uma altura em que o Sr. Napumoceno considerou que já justificava dar ao armazém a aparência de uma firma. Assim, na parte da frente que sempre destinara a escritório mandou construir uma fachada que logo impressionou toda a cidade pela sua imponência e sobriedade e na qual se lia em relevo, pintado de verde-escuro sobre um fundo branco, as palavras ARAÚJO, LDA. - Import. Export. Porque a grande fraqueza de toda a vida do Sr. Napumoceno tinha sido o Sporting Club de Portugal e por arrastamento qualquer outra equipa que usasse a cor verde. Considerava o verde a sua tara, o seu destino e a sua sorte e disse no seu testamento que a sua filha Maria da Graça ficara a dever-se à saia verde da D. Mari Chica que lhe apeteceu logo levantar quando a viu dobrada sobre a secretária...
(…)»
ALMEIDA, Germano - O testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo : romance. 3ª ed. Lisboa : Caminho, 1998. pp. 65-66