Os nossos jogadores, um a um
Foi visível o cansaço após a desgastante partida de quarta-feira, para a Liga dos Campeões, frente ao Real Madrid. Cansaço físico e sobretudo cansaço anímico. Jorge Jesus tentou hoje mexer na equipa, fazendo entrar quatro novos titulares: nenhuma dessas mexidas funcionou. Sem rotinas, os reforços continuam muito aquém daquilo que deles pretendemos.
Frente a um Rio Ave em grande forma, que dominou o meio-campo e as alas ofensivas, esta noite sofremos três golos de rajada e saímos para o intervalo a perder 0-3. Jesus viu-se forçado a fazer duas substituições ao intervalo, o que atenuou o problema mas não o solucionou. Na segunda parte, limitámo-nos a marcar um golo - manifestamente insuficiente para virar o resultado.
Abrindo avenidas para a corrente ofensiva da equipa adversária e claudicando na hora do remate, quase sem conseguir verdadeiras oportunidades de golo, o Sporting sofreu a primeira derrota na Liga 2016/17 e colocou em risco a liderança do campeonato, que vinha assumindo isolado. Jesus tem muitos ajustamentos a fazer, já a pensar na partida contra o Estoril. E não lhe resta muito tempo: esse jogo vai ser já na sexta-feira.
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RUI PATRÍCIO (4). Três vezes batido, com responsabilidade no lance do segundo golo, foi uma sombra do que tem sido. Um caso aparente de quebra anímica após o confronto perdido in extremis no Santiago Bernabéu.
SCHELOTTO (4). Corre muito, mas desposiciona-se com frequência e perde a noção do espaço. Sucedeu hoje, uma vez mais, forçando os centrais a acorrer à dobra e a desguarnecer outras zonas. Faltou-lhe estabilidade.
COATES (4). Teve hoje a sua mais pálida exibição desta temporada, com responsabilidades em dois dos golos do Rio Ave: podia ter feito muito melhor. Também falhou nas tentativas de marcar, em lances de bola parada.
RÚBEN SEMEDO (5). O menos mau do nosso quarteto defensivo. Não isento de falhas, soube reagir melhor à adversidade, revelando maturidade competitiva. Tentou marcar, em situações de canto: não conseguiu.
BRUNO CÉSAR (3). Apanhado sucessivas vezes em contra-pé, o vilacondense Gil Dias fez dele o que quis na primeira parte, dominando por inteiro o nosso corredor esquerdo. Também a atacar não foi nada feliz.
WILLIAM CARVALHO (6). Uma das raras exibições a justificar nota positiva. Pelo que fez, sobretudo na segunda parte, em passes longos (12', 72' e 81'). Grande recuperação de bola aos 62'. Pareceu sempre inconformado.
ADRIEN (6). Foi hoje o melhor Leão em campo, apesar de acusar vestígios do enorme desgaste provocado pela partida de quarta-feira. Nunca desistiu de puxar pela equipa, como se verificou em dois grandes passes (42' e 51').
GELSON MARTINS (5). Soube a pouco a prestação do extremo leonino que brilhou no Bernabéu. Embrulhou-se em excesso com a bola e não conseguiu fazer a diferença. Melhor momento: a assistência para o golo. E vão três.
CAMPBELL (2). Sem pressionar à frente, sem se integrar na manobra defensiva, deixou Bruno César isolado na ala. Falta-lhe disciplina táctica - um aspecto a rever com urgência. Foi justamente substituído ao intervalo.
ALAN RUIZ (3). Ainda iludiu os adeptos, parecendo estar de pé quente, com um forte remate aos 8'. Mas apagou-se enquanto segundo avançado e andou perdido no eixo do terreno. Não regressou do balneário para a segunda parte.
ANDRÉ (2). Esgotou a actuação nesta estreia a titular da equipa com um remate bem colocado aos 21'. No resto do tempo em que permaneceu em campo mal se deu por ele. Pressionou pouco e mal. Saiu aos 73'.
BAS DOST (6). Jesus deixou-o no banco. Mas cedo se arrependeu, fazendo-o entrar aos 46'. O internacional holandês cumpriu os mínimos, marcando o nosso golo solitário. O segundo dele em dois jogos consecutivos.
BRYAN RUIZ (5). Substituiu Campbell. Sem brilhantismo, denotando fadiga física, mas com mais competência do que o compatriota. Teve intervenção directa no lance do nosso golo. Mas falhou outro, com a baliza à sua mercê.
MARKOVIC (3). Entrou aos 73', substituindo André. Correu bastante, mas pouco ou nada trouxe de útil à equipa. Viu um cartão amarelo ao tentar cavar uma grande penalidade mesmo à beira do fim.