O condicionamento clássico
A dúvida sempre existiu. Deve ser tão antiga como nós enquanto espécie. É normal ao homem ter dúvidas sobre os seus julgamentos, decisões. No fundo duvidar é como errar, é humano. Mas há uma espécie no mundo selvagem da bola que vai contrariando toda a lógica da seleção natural, e cai num artificialismo. Não quero falar do método de avaliação/atribuição de notas aos árbitros. Mas algo engraçado com que me deparei estes dias.
O artificialismo que permite a sobrevivência dos árbitros impera por via de um condicionamento clássico. Isto é, a modificação de alguns comportamentos com base no estímulo-resposta. Se um reflexo pode ter como finalidade a sobrevivência e reprodução, a aprendizagem de certos reflexos condicionados, tem garantido ao árbitro português - os mais astutos - perdurar no habitat do futebol português. Isto porque alguém durante bons anos tem usado recompensas e punições para os advertir sobre possíveis perigos, ou fazê-los salivar sobre possíveis prazeres. E tem funcionado!
Nos jogos desta jornada deparei-me com esse fenómeno:
- O Porto, pioneiro deste método infalível, na mó de baixo actualmente, viu num golo legal ser levantada a bandeirola. Que bom que existia o VAR para repor a verdade desportiva.
- O Braga viu dois golos anulados. Não querendo entrar no detalhe do pé direito do Seferovic, o árbitro neste caso não teve nenhuma dúvida em levantar a bandeirola.
Mas atentem ao reflexo! Em ambos os casos o árbitro começou logo a dar ao seu pulso histriónico. O que me pareceu estranho foi ver o primeiro golo do Benfica, que tem um grau elevado de dúvida num lance corrido (e não estou a pôr em causa a legalidade do golo, porque foi legal), foi não existir réstia de dúvida ao árbitro de linha, ao árbitro principal e demais participantes do juízo da partida, que o mesmo tinha sido legal. Ficando impávido e sereno na sua linha.
É este condicionamento clássico que vai permitindo a sobrevivência aos árbitros. Há uns "loucos" que fazem duvidar esta gente, mas só para um lado.
Imagino uma frase do Pavlov - "Dêem-me um árbitro, que eu dou o campeonato ao Benfica."