Lions never quit
Lá passei uns dias de trabalho em Inglaterra, incluindo o fim-de-semana e a segunda-feira. A excitação com o Leicester é contagiante, de tal maneira que começa a dar a impressão de que até os outros clubes querem que eles ganhem o campeonato. E eles continuam a fazer justiça ao seu lema: foxes never quit (as raposas nunca desistem), ganhando jogo atrás de jogo. A história parece boa demais para ser verdadeira: há dois anos estavam na segunda divisão, há exactamente um ano estavam no último lugar da primeira, com menos 50 pontos do que agora. A estrela da companhia, Jamie Vardy, é um tipo que ainda há meia dúzia de anos trabalhava numa siderurgia em Sheffield. A surpresa é tal que nem se consegue arranjar uma mísera t-shirt. O meu filho pediu-me uma. Passei por três cidades, uma delas Londres, e por não-sei-quantas lojas: simplesmente não há merchandising do Leicester.
Como estava fora, não vi nada dos jogos portugueses. Mal soube do resultado dos lampiões com os lampiões do norte e da história do pénalti aos oitenta e tal minutos, cheirou-me tudo a palhaçada. Foi palhaçada, de certeza. Ontem, o meu voo de Londres, que deveria ter saído às 20.25, saiu atrasado, às 21.00, exactamente à hora do começo do Benfica C - Sporting. O avião aterrou cerca de duas horas depois, mais ou menos na altura em que o jogo acabou. Na clássica entrada pelo Tejo, pude ver o estádio do Restelo bem iluminado. Com a minha tradicional superstição sportinguista, achei que a hora de partida e a hora de chegada eram bom sinal. Mal pude ligar o telemóvel, confirmei que sim, apesar do resultado estranho. As palhaçadas do clube do karateka da Musgueira são cansativas. Por mim, era já este ano que acabávamos com elas.
As raposas não desistem? Muito menos os leões.