Hoje giro eu - O momento Mourinho de Sérgio Conceição
Estava a época 2002/2003 no seu início quando um jovem José Mourinho tomou a decisão de afastar Vitor Baía após um incidente disciplinar protagonizado pelo guardião. Com esta decisão, o treinador portista conseguiu afirmar-se perante o grupo, acabando por vencer a Taça UEFA nesse ano (já com Baia a titular), a que adicionaria a conquista da Champions no ano seguinte.
A decisão tomada hoje por Sérgio Conceição - que tem excedido largamente as expectativas, tanto na liderança do grupo como no nível de jogo apresentado - de optar por José Sá em detrimento de Iker Casillas "cheira" a tentativa de afirmação por parte do técnico dos dragões. Independentemente de ter havido ou não algum motivo de ordem disciplinar - algo puramente especulativo neste momento - o promissor treinador admitiu publicamente que escolheu Sá porque produz as suas escolhas através dos treinos e o jovem guardião lhe dava mais garantias para este jogo. A verdade é que, ao contrário de Mourinho, Sérgio começa a perder esta aposta: a equipa jogou bastante mal, foi claramente dominada pelo Red Bull Leipzig - ao ponto de o resultado ter sido lisonjeiro - e a sua aposta para a baliza falhou clamorosamente, abrindo caminho ao primeiro golo dos alemães. Para além disso, coincidência ou não, a defesa portista pareceu sempre pouco confortável e, fundamentalmente, o Porto foi derrotado e está neste momento fora dos lugares de qualificação para a próxima fase da Champions.
Casillas é um jogador difícil de ter no banco. Está habituado a ter protagonismo e à sua volta existe sempre imenso mediatismo. Quem ganha tem sempre razão, mas o Porto perdeu. E agora, Sérgio?
P.S. Existe um tipo de técnico, de que o melhor exemplo será Manuel Machado, que permanentemente ajusta o seu modelo de jogo ao adversário. Outros, como Mourinho ou Jesus, não perdendo a sua identidade, produzem algumas adaptações face à observação dos adversários. Sérgio Conceição parece pertencer a uma terceira estirpe, a dos treinadores que não prescindem das suas ideias, do ADN do seu futebol, independentemente do adversário, um pouco ao estilo da escola do Ajax. Posso estar a ser injusto - Sérgio até disse que tinha avisado para os movimentos interiores dos alas -, mas ficou a ideia de que o Porto não estudou suficientemente o Leipzig, algo que já tinha transparecido aquando da visita do Besiktas.