Como os vendedores de castanhas
Tal como as andorinhas que nos visitam sempre na Primavera e os vendedores de castanhas que regressam a cada Outono, o inefável Pedro Madeira Rodrigues, volta e meia, tenta dar prova de vida. Só o faz, curiosamente, nos momentos em que ocorre um resultado menos positivo da nossa equipa principal de futebol. Aconteceu ainda agora, quando ressurgiu da obscuridade para proclamar que "corremos o sério risco de voltarmos a não ser campeões, ao contrário do que nos foi garantido".
Ponho-me a imaginar o que diriam por estes dias os homólogos benfiquistas de Madeira Rodrigues ao verem o seu precário onze naufragar por completo nas competições europeias, com quatro derrotas categóricas às costas, dez golos sofridos e só um marcado, tornando-se a única equipa portuguesa que até hoje disputou quatro jogos consecutivos da fase de grupos da Champions sem conquistar um único ponto.
O que diriam eles ao verem o seu clube inspeccionado pela Unidade Nacional Contra a Corrupção da Polícia Judiciária, submetido a um processo disciplinar da UEFA e com um membro da sua claque acusado do homicídio qualificado de um adepto do Sporting, enquanto se afunda nas competições europeias e estaciona no terceiro lugar do campeonato?
Utilizando também o truque retórico de empregar o plural majestático para fazer de conta que a opinião de um representa a opinião de todos, apetece-me retorquir ao candidato copiosamente derrotado por Bruno de Carvalho nas eleições de Março, parafraseando-o, que corremos o nada sério risco de jamais vermos Madeira Rodrigues como responsável máximo do Sporting. Os adeptos leoninos não apreciam aqueles que apenas surgem na praça pública quando a nossa equipa tropeça num obstáculo qualquer.