A limpeza das espingardas*
Está lançado aqui no blogue o mote para fazermos todos, sportinguistas, o balanço do que se vai passando na equipa de futebol e no Clube, que críticas ou reparos, ou propostas, ou sugestões temos para ajudar a ultrapassar esta fase menos boa.
Um dos visados nas críticas, para além do treinador, é o presidente e a sua atitude e forma de actuar/comunicar, considerando-se exagerada, desfasada, despropositada até, a sua forma de governar a comunicação do Sporting e inclusive o relacionamento para dentro.
Eu já não acho!
Em relação ao presidente, o que eu temo, sinceramente, é que ele comece a deixar-se vencer pelo status quo.
É que, concordando que aqui ou ali deu alguns tiros nos pés (ninguém é perfeito), há temas que, se estão na ordem do dia, a ele o devemos.
Quando dizemos que hoje o presidente está "muito melhor" e nunca deixamos de referir os episódios em que esteve mal (e que eu subscrevo), quer dizer que o "desgraçado" do presidente tem um sacana dum carimbo na testa do qual nunca se irá livrar e haveremos de, ad eternum, cobrar-lhe esses excessos fruto de uma clara imaturidade inicial, que todos lhe desculpámos em tempo.
O homem há-de ser sempre preso por ter cão e por não o ter; Se fala é porque fala, se se cala é porque deveria ter falado. É claro para mim que "diálogo" do presidente, só com outros presidentes, mas não será esse o objectivo dos outros presidentes, forçar um diálogo de surdos? Senão, porque anda calado que nem rato o tipo dos camiões e não se houve falar o azeiteiro dos chocolatinhos, se não for com o intuito óbvio de cortar o pio a quem os pode colocar em causa e às suas manigâncias?
Exagera? Por certo, mas creio que o tempo do verbo deverá ser conjugado no passado. Hoje por hoje, não me parece que as intervenções do presidente sejam factor de desestabilização e aquele comunicado após a derrota de Madrid, p.e., tem um claro objectivo que é o de dar um voto de confiança à equipa. Não creio que o facto de "valorizar uma derrota" tivesse sido prejudicial à equipa e aos jogadores. Está claro para mim que o problema actual da falta de resultados é mais do foro psicológico que de outra coisa qualquer e aprecio a atitude do presidente dando um voto de confiança ao grupo. Se não gostei do episódio Guimarães (Marco Silva), não posso criticar a forma que foi encontrada para dizer aos jogadores que estava com eles, ainda que a forma talvez não tivesse sido a ideal. E conhecendo já um pouco de Bruno de Carvalho, estou em crer que uma parte do recado foi dada no recato do balneário e não terá sido tão simpática quanto a versão dada a público.
Tenho um reparo a fazer-lhe: Já é tempo de se virar para dentro e deixar para outras pessoas da estrutura o pesado fardo de guerrear com os adversários. Há ainda tanta coisa e tão importante a fazer dentro do Clube, que o presidente é valioso demais para perder o seu tempo com fait divers.
Há no entanto um tónico excelente para a resolução do problema porque ora passamos: Vitórias. Tenho certeza que começando a ganhar, ninguém prestará atenção às eventuais incontinências do presidente.
* Sem nada ter a ver com guerra, antes com a lúdica actividade cinegética, é em tempo de descanso que se limpam as espingardas e se pensa na melhor forma de atacar a presa.