A campanha ainda não começou
Pedro Madeira Rodrigues, candidato à presidência do Sporting, revelou ter tomado esta decisão no dia 2 de Dezembro, quando o Benfica foi perder à Madeira.
Declaração inexplicável: em que é que um jogo disputado entre o Marítimo e o SLB pode relacionar-se com a liderança leonina?
Começou mal, a 27 de Dezembro, ao anunciar a candidatura. Sem divulgar as linhas gerais do programa que pretendia apresentar aos sportinguistas nem nenhum dos nomes que o acompanhariam nesta corrida.
No Ano Novo, tempo festivo, lançou uma mensagem aos sócios em que trocou o espírito positivo dessa quadra por uma ferroada sem sentido a Bruno de Carvalho.
Depois protestou contra a marcação da data da eleição para 4 de Março alegando que lhe retirava tempo de campanha. Enquanto adiava para 19 de Janeiro a apresentação do programa e da equipa, como se afinal tivesse todo o tempo do mundo.
A 4 de Janeiro deu uma longa entrevista ao Record em que continuou sem divulgar nada, refugiando-se em declarações vazias. Esta, por exemplo: "Quero apostar em contratações círúrgicas." Ou esta: "O trabalho de um presidente nunca pode ser um trabalho isolado."
Bruno de Carvalho só pode ter agradecido: com "rivais" assim pode ele bem.
A 16 de Janeiro procurou mostrar músculo da pior forma possível: replicando lugares-comuns que nos habituámos a ouvir a benfiquistas nos últimos meses.
Bruno continuou a agradecer, certamente.
Ontem, enfim, apresentou nomes e rostos e metas programáticas. Mas sobre a matéria que mais interessa aos sócios, o futebol, foi vago e parco em palavras. Enredou-se em contradições e deu ênfase a temas que nem deviam constar de um programa eleitoral, como este: "Impor a utilização do nosso equipamento principal tradicional e travar a banalização e excessiva secundarização do equipamento Stromp, com utilização apenas em ocasiões relevantes."
Entretanto não hesitou em utilizar os jogadores como arma de arremesso contra o actual presidente, quebrando uma regra essencial nestas campanhas.
Eu, se estivesse no lugar de Bruno de Carvalho, ficaria irritado com esta pérola de mau-gosto. Mas, enquanto recandidato à presidência, voltaria a agradecer.
Hoje, superando-se em total falta de senso, o gestor que ambiciona a cadeira do poder leonino veio declarar alto e bom som: "Jorge Jesus não será o meu treinador." Desmentindo tudo quanto dissera antes e sem esclarecer como conseguirá munir-se de mais de vinte milhões de euros (o equivalente a dois pavilhões João Rocha) para pagar indemnizações ao treinador e restante equipa técnica. Pior: omitindo o nome daquele que gostaria de ver no lugar de Jesus, como se os sócios não tivessem o direito de saber quais são as suas escolhas.
"Agora não queria também perturbar mais... Quando tiver a escolha, vocês saberão", balbuciou perante os jornalistas, reconhecendo ter perturbado o futebol leonino, na véspera de um encontro decisivo no Funchal, e confessando assim total impreparação para assumir o cargo que tanto ambiciona.
Era difícil fazer pior em tão pouco tempo.
Em resumo: Pedro Madeira Rodrigues é um candidato tão fraco que começo a convencer-me que não será o único nem muito menos o principal concorrente do actual líder leonino.
Por outras palavras: a verdadeira campanha eleitoral ainda não começou.