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És a nossa Fé!

O respeitinho é muito bonito

 

"Há que reflectir sobre o paradigma deste futebol."

"A boa colocação das linhas virtuais permite-nos fazer a avaliação certa dos lances."

"O clube não conseguiu traduzir a intensidade do seu jogo."

"Há jogos com outra intensidade competitiva."

"Essa resignação pode ser uma projecção da falta de exigência mais acima e de uma liderança mais efectiva em termos de balneário."

"A equipa não tem níveis de coesão suficientes para introduzir um jogador tão jovem."

"Caiu numa zona de bloqueio da qual vai ter de sair."

"Tem de integrar-se na filosofia colectiva da equipa que representa."

"As grandes equipas da Europa conseguem atingir níveis exibicionais significativos."

"O conceito do treinador baseia-se numa marcação mais subida."

"Do ponto de vista do esqueleto táctico, a disposição no terreno faz sentido."

"São dois jogadores verticais que dão mais profundidade à equipa."

"O jogador X mostrou um ritmo baixo, mostrou alguns pormenores."

"Queremos contribuir para um futebol menos macrocéfalo."

"O futebol é uma lógica de conjunturas."

 

Perceberam?

Eu também não. É uma espécie de dialecto autónomo, só praticado por alguma gente da bola e que tem como principal cultor um jornalista televisivo capaz de rivalizar em fôlego com Fidel Castro, que em 1998 falou sete horas e um quarto sem parar na Assembleia Nacional cubana, ou Hugo Chávez, que no passado dia 14 discursou igualmente sem parar durante nove horas e meia no Parlamento de Caracas.

Quem não seja iniciado neste jargão muito particular dos "níveis exibicionais", do "esqueleto táctico" e da "intensidade competitiva" mantém-se totalmente à distância. Porque o dialecto acima transcrito, ao contrário da esmagadora maioria dos restantes, não foi criado para comunicar: existe para cavar um fosso deliberado entre o seu inventor e o comum dos mortais. A razão? Incutir respeito. Ou respeitinho, mais à portuguesa.

É uma receita infalível. Porque, em regra, os portugueses só respeitam o que não entendem. E aqui entre nós: quem é que entende minimamente o que significa "filosofia colectiva", "zona de bloqueio", "jogadores verticais" e "marcação subida"?

O respeitinho é muito bonito.

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6 comentários

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    Pedro Correia 01.02.2012

    O futebol é uma lógica de conjunturas, Gi.
  • Sem imagem de perfil

    Gi 01.02.2012

    Hehe. O que é importante é que se atinjam níveis exibicionais significativos, Pedro.
  • Imagem de perfil

    Pedro Correia 01.02.2012

    Sem desvalorizar a relevância do "esqueleto táctico", Gi.
  • Imagem de perfil

    Jose Manuel Barroso 02.02.2012

    Pedro:quando o esqueleto tatico do bixo se move a brilhantina osmoseia e os neuróniuuus do cujo movem-se em transição rápida de um olho para o outro em extase hormonal que se comunica em ataque lateral às papilas gustativas que segregam o tal suco que levou o Fernando Gomes (o goleador) a dizer que marcar um golo é como ter um orgasmo. Filosofal, no caso vertente, em que o orgasmo é interior alimentando a dita brilhantina e assim reiniciando o ciclo verborreico-espasmico
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    Pedro Correia 02.02.2012

    A propósito de ciclo verborreico-espámisco, desejo salientar que o fundamental é cada um jogar agarrado às suas convicções na certeza de que alguns futebolistas não parecem assaz rápidos mas conseguem no entanto desequilibrar em momentos cruciais das partidas enquanto outros do meu ponto de vista se revelam um pouco híbridos sobretudo quando ganham progressão pela esquerda e logo em seguida galgam terreno pela direita exactamente como procedem alguns políticos e eu próprio quando o assunto me vai faltando mas é necessário ir enchendo alguns chouriços e entretanto perdi-me e nem sei o que queria dizer mas também não interessa nada porque já pedi ao Pai Natal que este ano me ofereça um GPS verbal para nunca mais me perder outra vez.
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