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És a nossa Fé!

Reservado o direito de admissão

Sou do Sporting. Mas não sou surdo. E muito menos cego. Ao Sporting, lamento reconhecer, só resta lutar pelo terceiro lugar no campeonato (e pela Taça de Portugal e pela Liga Europa, mas isso é outra conversa, muito mais saborosa). Custa-me concluir isto, mas há que dizer a verdade. Estou, portanto, a torcer pelo Sporting de Braga. Conseguirá manter até ao fim o excelente nível que tem exibido? Espero bem que sim. Entretanto considero vergonhoso que nenhum dos programas televisivos dedicados aos debates “desportivos” (onde o futebol é sempre, e só, a única modalidade desportiva em discussão) tenha incluído até agora, nos seus painéis de comentadores, um representante permanente do Sporting de Braga. Continuam a ser sempre os mesmos três clubes representados nestas intermináveis sessões de bate-boca sobre a bola. Como se não houvesse mais nenhum outro clube em Portugal. Como se o Sporting de Braga não tivesse sido, desde o início do actual campeonato, um claro candidato ao título.

Percebo bem a lógica destes canais de televisão - incluindo o canal público, que devia ter obrigações acrescidas nesta matéria. Há que manter intacto o sistema, há que fazer tudo para continuar a fingir que o futebol português se resume a dois clubes de Lisboa e um clube do Porto.

Como se o resto do País só fosse paisagem.

Como se Braga, apesar do seu clube tão emblemático e tão digno de elogios, não fizesse parte do mapa desportivo português.

Uma questão de ética

Tenho andado a evitar pronunciar-me sobre a notícia de uma escola na Ericeira em que a professora canta várias vezes ao dia uma canção infantil a que acrescenta vivas a um clube de futebol. Tenho andado a evitar-me porque toda a gente sabe que as minhas preferências clubísticas são bem diferentes e não queria de forma nenhuma que este assunto fosse analisado como uma discussão futebolística.

Porém, acabo de ver o programa Sexta às 9, em que o assunto é ridicularizado e reduzido apenas a isso, uma questão clubística.

Vamos por partes:

1. O que está em causa é o abuso da influência natural que qualquer professor tem sobre os seus alunos, em especial tão pequenos, para incutir ideias e valores. É triste que, em vez de ensinar a tolerância e a liberdade de expressão, a senhora não reconheça o seu papel fundamental na formação de seres humanos e opte por ensinar a intolerância e o desrespeito pelos que têm uma opinião diferente. Segundo informação publicada na comunicação social, terá chegado mesmo a dizer aos alunos que já não podiam cantar aquela música, porque o pai da colega "era mau" e não deixava.

2. Se em vez de gritar Viva o Benfica!, se gritasse Viva o PSD! (optei por este partido porque é o que está no governo, mas aplica-se a qualquer outro), imagino a ofensa e indignação. E se gritasse Viva o Islão!, era o caos, até a CIA aterrava no recreio da escola. Não, não são coisas diferentes. É apenas e só a utilização do palco que a vida lhe deu - a sala de aula - para infiltrar no espírito dos seus alunos os seus próprios gostos e opiniões pessoais. É uma falta de ética total e absoluta e uma prática pedagógica ofensiva.

3. Vamos então, por momentos, reduzir isto a uma brincadeira. O mesmo direito que assiste à professora de apelar ao benfica, assiste aos pais e aos próprios alunos de apelarem a outros clubes. Quem é o intolerante aqui? O pai que discorda da lavagem cerebral que fazem à filha ou a professora que não admite que os alunos tenham uma opinião diferente da sua, respondendo ao protesto com um "quem está mal muda de escola"?

4. Um educador é uma pessoa normal, quando está fora da sala de aula. Lá dentro, tem de ser especial, inspirador, exemplar. Nada menos do que isso.

Como transformar uma vitória em derrota

 

Mais uma vitória do Sporting. A sétima consecutiva, em casa, nas competições europeias.

Elogio da crítica? Seria esperar de mais.

 

A título de exemplo, fixemos o que disse Joaquim Rita há poucos minutos na SIC Notícias:

«Em termos estratégicos o Sporting não encontrou as melhores opções.»

«O Sporting tinha a obrigação de saber de cor as qualidades desta equipa [Metalist].»

«O Sporting tinha a obrigação de reagir muito melhor tendo em consideração as características do adversário.»

«Com um guarda-redes normal o Sporting teria perdido este jogo.»

«O Sporting cometeu um erro que lhe pode ter valido a eliminatória.»

«O Sporting tem que jogar de maneira diferente.»

«O Sporting, para passar, lá [Ucrânia] tem que marcar...»

 

Palavras ditas com ar tristonho, abatido mesmo.

Quem tivesse acabado de sintonizar o canal naquele preciso instante julgaria de imediato, ao escutar o veterano analista do esférico tão incapaz sequer de esboçar um elogiozinho à equipa da casa, que o Sporting acabara de ser derrotado, talvez até por larga margem, neste confronto dos quartos-de-final da Liga Europa.

Nada disso.

É apenas Joaquim Rita no seu melhor. Para ele, o Sporting perde sempre. Mesmo quando ganha.

Vi o jogo, sofri outra vez a bom sofrer com aquela primeira parte difícil. Vibrei com a segunda, com cada golo e sobretudo com a capacidade desta equipa de se regenerar em campo. Comecei a gostar do Xandão, ganhei redobrado apreço pelo Polga, até gostei do Carriço. Amei o Isma, como o Capel e o Matias. E mais: estou doido com a evolução do Rui Patrício (há tantos anos que não me sentia tão seguro com um guarda-redes).
Depois disto, ninguém me tira da cabeça que vamos às meias. Quero lá saber do penalti aos 90'!

Miguel Garcia

O Sporting formou-o como jogador e como Homem, e fez um bom trabalho. Natural de Moura, foi cedo para a Academia e de lá, para o mundo. É ao seu ombro, no sítio certo e no momento certo que devemos a presença na final da Taça UEFA, num golo marcado no último instante do jogo contra o AZ Alkmaar. Ao contrário de muitos, não esquece as casas que o acolheram. Boa sorte, Miguel! 

Ouvido na pastelaria (2)

"Venha o Metalist (raio de nome), venham os Metallica... e nós cá estaremos!" Grande frase de um adepto de primeira. Hoje espero outro grande jogo do Matías, a puxar por uma equipa que consegue fazer do melhor que já se viu. Força Sporting!

Pablito tem que abrir a pestana

Pois parece que o Benfica ainda tenta recorrer do castigo aplicado a Pablo Aimar, vítima de um arreliador cartão vermelho ao tentar fazer uma cirurgia de mudança de sexo a um adversário na sequência daquilo a que os prezados televotantes chamam "movimento natural da perna". Caso as démarches não surtam efeito, arrisco deixar um conselho a Pablito: ele que abra a pestana e aproveite o próximo concurso para integrar os quadros da embaixada da Argentina em Lisboa. Afinal, desde que os colegas Javi Garcia e Maxi Pereira fizeram o mesmo com as representações de Espanha e do Uruguai, ambos passaram a beneficiar de imunidade diplomática perante os árbitros portugueses, sábios respeitadores das regras do protocolo.

Desafio

 

Os lampiões desafiaram-nos para uma taça da blogosfera, como se pode ler aqui. A ideia tem graça e pernas para andar, mas primeiro temos que ver se os tripeiros aceitam e se estão reunidas as condições essenciais. Nomeadamente em termos de arbitragem. Já estamos muito escaldados no futebol a sério...

Da série 'grandes sportinguistas'

Um amigo contou-me que ontem, num programa qualquer de desporto da RTP informação, Rui Oliveira e Costa voltou a fazer das suas. Parece que o mestre das sondagens acha que o Pablo Aimar só devia ter levado um jogo de suspensão, em vez dos dois que o Conselho de Disciplina lhe aplicou por aquela agressão que já passou em todas as televisões vezes sem conta. "Gostaria que o Aimar jogasse na Luz contra o Sporting. Não gosto de ver grandes jogadores arredados de grandes palcos", disse Oliveira e Costa.

 

É de facto espantoso que a RTP tenha um comentador, dito do Sporting, que participa num painel clubístico e que faz tudo menos defender o seu... clube. Primeiro, a jogada que valeu um cartão encarnado a Aimar no último encontro da liga é mesmo para expulsão. O jogador atinge o adversário com o intuito de lhe causar dano e não o faz inadvertidamente, na disputa da bola. Portanto, não se percebe os motivos para ROC defender que só deveria ficar um jogo de fora. Depois, o clube dos arrabaldes de Lisboa fica mais fraco sem o argentino, mais uma agravante na sua posição. Por último, "grande palco"? Desculpe, mas mais um passo e está a falar como um lampião e a utilizar expressões como "a catedral", etc, etc.

 

Meu caro Rui, que tal dedicar-se mais às sondagens e menos à 'defesa' do nosso Sporting?

 

P. S. - Instalada a polémica com as declarações de ROC, voltei a falar com o meu amigo, que me disse ser irrelevante a questão do estádio. Ele não sabe se ROC falou na Luz, pareceu-lhe que sim numa primeira análise, mas do pior está certo e seguro: para o comentador 'leonino' era bom ver Aimar alinhar contra o Sporting. Está tudo dito, não?

Dou um desconto a ROC na questão do palco, porque de facto Alvalade é e será sempre um GRANDE PALCO. Isto se ele falou mesmo em Alvalade...

Boa!

A arbitragem ameaça com greve - espero que a façam!

A arbitragem espera solidariedade - vai ver onde é que ela mora ... (e vai ver que é longe...)

A arbitragem reclama para si o privilégio único de poder ofender e não poder ser ofendida: ora é preciso dizer e repetir que a arbitragem portuguesa é uma nódoa, que eu espero seja removida rapidamente.

É certo que nem todos os nossos árbitros são como o Bruno Paixão: mas enquanto esse cromozinho incompetente e arrogante continuar a ser um símbolo da nossa arbitragem, a nossa arbitragem não contará com uma migalha sequer da minha compreensão.

O complexo de Édipo de Miguel Sousa Tavares

Lendo a crónica de Miguel Sousa Tavares n’”A Bola” de hoje, até começo por concordar com as hipóteses iniciais. Com efeito, e tal como o Daniel Oliveira também havia escrito na sexta feira no “Record”, o principal problema de Bruno Paixão é a sua extraordinária incompetência. O principal problema associado a Bruno Paixão é como é que um árbitro que já demonstrou tantas vezes, reiteradamente, a sua incompetência, continua a apitar na principal categoria ao fim de tantos anos, tendo mesmo chegado a internacional. De seguida, MST refere que os clubes não podem justificar sistematicamente os seus maus resultados com os árbitros, e que só os “erros grosseiros” de arbitragem devem ser discutidos. Até aqui aceita-se. Mas logo depois afirma que os três grandes têm sido ora beneficiados, ora prejudicados com a arbitragem, e decide dar exemplos. Os dois exemplos que dá revelam muito do tendenciosismo do autor: em ambos os casos teriam prejudicado o Porto, e beneficiado... o Sporting. Só que num deles não conta a história toda, e o outro é factualmente errado.

O primeiro envolve Bruno Paixão, no célebre Campomaiorense-FC Porto de 2000. Diz MST que os erros de Bruno Paixão custaram o título ao FC Porto, e o beneficiado foi... o Sporting. Ora o FC Porto perdeu esse jogo; mesmo que os erros de Paixão tenham custado três pontos (ou seja, no mínimo dois golos), não se pode falar em influência no campeão só com base nesse jogo, uma vez que o Sporting foi campeão nessa época com quatro pontos de avanço. (Onde se pode falar num erro que decidiu um campeonato foi no célebre golo com a mão do Paços de Ferreira em Alvalade – mais um pontinho, que teria sido obtido com a justa anulação desse golo, e o Sporting teria sido campeão em 2007.)

O outro erro de MST então nem merece mais comentários: fala nos erros de Lucílio Baptista (o tal que roubou uma Taça da Liga ao Sporting) contra o FC Porto, dando como exemplo uma final da taça, no Jamor, disputada contra Mourinho, que no final se terá queixado do árbitro. Só que quem disputou a final da taça que Mourinho perdeu, em 2004, foi o Benfica de José António Camacho. (A final de 2007/08, que opôs Sporting e FC Porto, foi arbitrada por Olegário Benquerença, que não é conhecido nem por beneficiar o Sporting nem por prejudicar o FC Porto.)

Só mesmo uma embirração muito particular com o Sporting pode justificar erros destes (fora as costumeiras atoardas). Miguel Sousa Tavares costumava ir a Alvalade com o pai em pequeno. Isto só pode ser um complexo de Édipo.

Velhas glórias*

Sempre me “conheci” como adepto do Sporting, embora não saiba situar na minha infância o clique que me levou a dizer, com convicção, que era leão quando me perguntavam qual o meu Clube.

Numa família onde o lado materno puxava pelo FC Porto e o lado paterno pelo Sporting, confesso que terá jogado a favor de Alvalade o facto de o meu irmão ser um fanático sportinguista e o meu pai ter sido atleta no Sporting.

O meu avô materno, pessoa que recordo com muita saudade, bem que tentou puxar-me para os dragões. Nas minhas temporadas na casa de família junto à Foz, falava-me de José Maria Pedroto, do FC Porto ser o clube mais patriótico de Portugal – uma mentirinha piedosa que eu acreditei durante a minha infância porque via o que achava ser o brasão nacional no símbolo – e falava-me das velhas glórias do norte. Entusiasmado, relatava-me disputas épicas com nomes como Américo, Custódio Pinto e o Festa (os “Magriços das Antas” que jogaram no Campeonato do Mundo de Futebol de Inglaterra, em 1966). E levava-me algumas vezes ver o FC Porto a jogar no estádio.

Porém, nada disso alterou o inevitável. O verde e branco puxava mais forte. Algumas semanas de férias no norte do País não conseguiam superar semanas seguidas de intensa convivência familiar sportinguista. As idas ao estádio, ao velhinho Alvalade, com o meu pai e o meu irmão, as discussões acaloradas sobre tácticas e técnicas consolidaram em mim a convicção que era leão de alma e coração.

Como se costuma dizer, somos fruto das nossas convivências e do meio em que vivemos. Fiquei influenciado pelo anti-benfiquismo do meu irmão e o sportinguismo fervoroso do meu pai. E tornei-me Sporting.

Hoje, tantos anos passados, sinto que o meu avô deixou cá qualquer coisa. Apesar de todas as coisas que nos fazem desconfiar desse clube do norte, olho sempre para o FC Porto com algum carinho e não deixo de recordar o meu avô quando este clube ganha ao SLB. É, naturalmente, a ele que dedico este texto.

 

*Artigo publicado na edição de hoje do jornal do Sporting

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