Havíamos era de...
O que é mesmo bom é ser treinador de bancada, seja a cuspir cascas de tremoço no café, seja a deitar perdigotos aos microfones de uma TV, seja, mesmo de bancada a sério, a pagar. Estes, convenhamos, têm um pouco mais de ciência, porque lhes fica a arder na carteira a frustração do mau espectáculo.
O treinador de bancada não tem dilemas, só tem que resolver na generalidade uns problemas gerais. Por isso dedica-se ao regalado exercício de sudoku que é o de fazer tácticas com jogos numéricos: ó a dinâmica do 4X4X2, o ímpeto do 4X3X3, a astúcia do 4X1X3X2 e por aí fora. Entrega-se também a formar equipas imaginárias, que no Football Manager levam tudo à frente. Um exercício fantástico, literalmente, para quem não convive de segunda a sexta, das 8H30 às 20h30, com um bando de rapazes sobrevitaminados, de ego inflamado e qual deles de psique mais melindrosa.
Dilemas a sério têm os que estão obrigados a tomar decisões (conhecem o conceito? Decidir…), que torraram 4 milhõesitos em ludopedistas e agora os vêem à deriva sem saber onde param os outros quando têm a bola nos pés. No futebol, como no resto que conta, há um detalhe infame, bem sei, chamado resultados. Não é o azar de a bola bater na trave e está o caldo entornado, isso seria fácil, é a bola bater sempre na trave, um facto cuja persistência tem que transcender o mero azar. Até no poker há campeões e nem tudo é uma questão de sorte.
Domingos era boa pessoa? Certamente. Era escorreito? Diz-se que sim. Tinha boa vontade? Concorde-se for the sake of the argument. Mas Domingos, porra (pardon my french) it’s results, stupid, e estes não apareceram, nem estavas com cara e conversa de os encontrar. Bem esperámos e esperámos por eles, chegámos a acreditar neles, mas nada. Ao fim e ao cabo, estamos onde estávamos no ano passado, com um pé frio à frente da equipa e uma equipa que pedia meças à do Rio Ave. Mau, ou melhor: pior.
Por isso, aqui vos digo: bem fez quem manda no Sporting em dar asas às botas de Domingos. E mais vos digo que fez bem em fazer depressa, o que deve ter sido chato para os vendedores de papel e comentaristas adjacentes, que ganham à hora e ao quilo – quanto mais a novela se arrastasse melhor ficariam eles.
Chama-se a isto ter um dilema e resolvê-lo. Para resolver problemas há muitos e todos sabem perfeitamente o que os outros devem fazer.
Agora venham lá os resultados.